Domingo de Páscoa. O que é isso para quem não tem religiao? Deixei de lado coelho capitalista (que nem bota ovo, mas é de chocolate) e fui pra rua curtir um som. Uma ressurreição. Na praça da igreja, nada de missa. Comunhão de outro tipo. Tambores, trombones e trompetes em curiosa procissão. Desde o teatro Cacilda Becker marchou a trupe, interagindo com o público e fazendo a alegria de quem acolhe o inusitado. Palhaços alados tal qual anjos em orquestra voaram pelo Largo do Machado. Extra extra: palhaço de trombone invade farmácia! Que cena sublime a dança do funcionário.
Neste domingo, a banda que levanta multidões nos carnavais tocou como se fosse a primeira vez. E foi a primeira vez quem não é da área. Tomou o Largo, invadiu a praia. A Orquestra Voadora não precisa ser previamente apresentada. Tem presença de praça! Anos de experiência que pintam em cada gesto como se fosse novidade. Daí todo mundo agacha: no centro da roda dança uma senhora idosa. Depois chega uma criança. E todo mundo levanta e brinca brindando a vida na cidade que é nossa. Vibra o ato. Vira passeata. Pelo direito de ser índio e encher a cidade de aldeia. Ocupar de alegria viva. Não é esse lance da Páscoa, (para além de chocolate)? Resistir ao ser devastado e ainda fazer festa. Manifesto sem maestro. Glorioso domingo de Orquestra.