sábado, 20 de novembro de 2010

Princípio e precipício

Parto do princípio que tudo é precipício
E o tédio coisa de quem tem pressa
Rotina sina do que não se atira
No divino da vida
- Dádiva ávida a espera do todo

Parto do princípio que essa ânsia sou eu
E a náusea o sono do que não escuta
O convite do novo. Na vida,
não há o que se repita. Tudo nela grita.

Parto do princípio que esse abismo sou eu.
Páro. Tiro os sapatos
Ando com os pés descalços
E o solo me acolhe na vertigem
Verto lágrimas férteis
Planto a despedida e vomito a falta
Aceito o fim

Parto do princípio que o início é a partida.
Vem comigo? Adeus.

(mais uma vez)

domingo, 7 de novembro de 2010

Limão-irmão

Mulher avulsa em cena:
AVANÇO
A quem pertence? - alguém pergunta
Ninguém avisa o vazio que é
A procura de mulher.

Feito fruta caída
Usufruto proibido
Essa Eva colhida

Abaixo o desperdício
E viva a novidade
Da primeira mordida.

Mas pode a fruta, contigo,
Para além da comida,
Também ser fruta-amiga,
E crescer feito raízes
Ao largo de riachos e
som de risos?

Eu te garanto garoto,
Se espremer, descubro
A fonte do mesmo suco
É fruto do mesmo cacho
No fundo da polpa acho,
Bem debaixo da casca,
E da cara-de-mau
Um belo LIMÃO-IRMÃO
Vê, você é meu igual.

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