“Deus
criou o homem a sua imagem e semelhança” (Gn. 1,27)
Deus
criou o homem
E
o homem criou Deus
Sua
imagem, seu EU
E
o semelhante perdeu
Antes
do nome, no início, era o paraíso
O
semelhante era preciso
Pelos
olhos do outro se revelava o homem
Ou
então ele se abaixava pra procurar seu
reflexo na água
Outro
e água eram um,
Tudo
era comum
Mas
veio o homem branco
E
trouxe o encanto da imagem
Por
isso estamos até hoje
Trocando
água por refrigerante
Aceitamos
o nome que nos foi dado
Negro,
índio, favelado
Trocamos
nossa terra
Por
reflexo que cega
Isso
porque inventaram um espelho que só
reflete o que você que ver
A
propaganda está voltada para a classe C
Mas
quem compra é o outro, quem manda!
Bobo
é só o índio que trocou ouro por bugiganga...
Sabe
uma coisa que tem espelho?
Carro.
Carro tem espelho.
Roupa,
que a gente usa pra olhar no espelho
Espelho,
espelho meu
Cada
um tem o seu
E
quando o espelho é você?
Que
só reflete o que o outro quer ver
É
aplauso, tapinha nas costas e um abraço
Dizer
o que o outro quer ouvir é muito fácil
Difícil
é botar a mão na massa
E
transformar a realidade – que começa em casa
Depois
na esquina e na praça
A
vaidade é inimiga da verdade
Amigo
que é amigo dá o papo, com tato
E
se for preciso, camarada
Dou
até a cara a tapa!
A
imagem é confortável
Mas
o espelho é frágil
Quebra
fácil, vira caco
A
força se encontra no fato
A
imagem é o SPA do eu
A
imagem é o espelho do eu
Parece
até que sou completo
Me
vejo no espelho e me sinto concreto
Mas
é mero reflexo
Por
isso eu proponho
Que
se quebrem os espelhos
O
que ficar inteiro é você
Imagem
não é nada. É miragem!
Plante-se
na prática
E
beba água
Oásis
da verdade
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