sábado, 18 de agosto de 2012

Miragem (Espejismo)




Deus criou o homem a sua imagem e semelhança” (Gn. 1,27)

Deus criou o homem
E o homem criou Deus
Sua imagem, seu EU
E o semelhante perdeu

Antes do nome, no início, era o paraíso
O semelhante era preciso
Pelos olhos do outro se revelava o homem
Ou então ele se abaixava pra procurar seu reflexo na água
Outro e água eram um,
Tudo era comum

Mas veio o homem branco
E trouxe o encanto da imagem
Por isso estamos até hoje
Trocando água por refrigerante
Aceitamos o nome que nos foi dado
Negro, índio, favelado
Trocamos nossa terra
Por reflexo que cega

Isso porque inventaram um espelho que só reflete o que você que ver
A propaganda está voltada para a classe C
Mas quem compra é o outro, quem manda!
Bobo é só o índio que trocou ouro por bugiganga...

Sabe uma coisa que tem espelho?
Carro. Carro tem espelho.
Roupa, que a gente usa pra olhar no espelho

Espelho, espelho meu
Cada um tem o seu
E quando o espelho é você?
Que só reflete o que o outro quer ver
É aplauso, tapinha nas costas e um abraço
Dizer o que o outro quer ouvir é muito fácil
Difícil é botar a mão na massa
E transformar a realidade – que começa em casa
Depois na esquina e na praça

A vaidade é inimiga da verdade
Amigo que é amigo dá o papo, com tato
E se for preciso, camarada
Dou até a cara a tapa!

A imagem é confortável
Mas o espelho é frágil
Quebra fácil, vira caco
A força se encontra no fato
A imagem é o SPA do eu
A imagem é o espelho do eu
Parece até que sou completo
Me vejo no espelho e me sinto concreto
Mas é mero reflexo

Por isso eu proponho
Que se quebrem os espelhos
O que ficar inteiro é você

Imagem não é nada. É miragem!
Plante-se na prática
E beba água
Oásis da verdade

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