terça-feira, 19 de novembro de 2013

Amor Livre


De perto ninguém é liberal



Deus me livre
Do amor livre
De amor

Amem


Tatuagem




“Mas você não disse que ninguém é de ninguém?”. O filme Tatuagem expressa com muita poesia a contradição disso que se entende por amor livre. O deslumbramento do garoto do quartel com o mundo boêmio da poesia é emocionante. Me lembrou a mim mesma tempos atrás (de família conservadora e pai militar). Também me lembrou muitos que aparecem nos nossos saraus e se apaixonam por “essa vida” que parece ser livre de sentimentos de posse/capitalistas como os ciúmes, por exemplo. Mas não é nada disso! O embate moral se faz presente mesmo no ambiente de maior permissividade. “Não quero meu filho andando com esse tipo de gente”, neste caso, se inverte. O filho é de mãe solteira com pai viado, criado nos valores da liberdade, portanto não tem que ficar andando com gente que reprime e bate nos outros (no caso, o soldado). Essas são questões que aparecem com muita beleza no filme. Pensando bem, o que é esse amor livre? Somos todos chatinhos por dentro. Liberdade é poder encarar a nossa caretice interna de apego e posse e criar saídas não opressoras para ela. Por isso a arte. Para poder falar disso que é tão difícil e criar novos formas de se relacionar. O resto, meus amigos, é papo de amor livre que nunca sai da superfície porque esconde um ciumentinho por dentro. Homem, mulher, artista, poeta, puta, travesti, viado, sapatão, transexual... Não importa o gênero, número ou raça. Ainda estou para conhecer um ser humano liberal de verdade. Amor livre? Só se for livre de amor.

sábado, 16 de novembro de 2013

Faxina

Eu não gosto de correr atrás de homem. Mas hoje corri atrás de vários. Todos os pelotões de forças armadas correndo no aterro junto comigo! Não resisti e colei nos fuzileiros navais. Passando pela banda, a canção do Cisne Branco me fez lembra a minha infância dentro do quartel da marinha e os meus anos de colégio militar. Difícil não vibrar com o espetáculo da virilidade masculina reunida com cadência, marcha e aquelas canções de encontro de encontro com o capeta e escopeta repetidas em coro grave. Por um momento esqueci a estrutura hierarquizante, machista, opressora e violenta e vi só os garotos dando um duro danado para não fazer feio nessa corrida de feriado. Dá pra ver que por trás da marra, e da fama de mau, meninos que se derretem com os aplausos do público de parentes emocionados. Nisso eu me surpreendi correndo o dobro do meu habitual. É a força do coletivo que nos leva para além dos nossos limites. Aproveitei e fiz faxina na casa.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

MARIA JOANA (Contos do cotidiano carioca)

Maria Joana (nossa Mary Jane carioca) perdoa todas os vacilos do seu homem mascarado. Ela sabe que ele gosta dela, mas Pedro parte sem dar tchau, sempre fura, chega atrasado e nunca liga de volta. O segredo, por trás dos perdidos do gato (quer dizer, aranha) é que ele é black block e vive muito ocupado com as manifestações. A ruiva, coitada, viu muitos filmes de super-herói norte-americano. Ainda não se ligou que esses malucos do áudio visual fumam um e inventam essas histórias de herói para justificar suas sequelas com as mulheres. Se o cara tem coragem para levar porrada da polícia também tem que ter para dizer que te ama mas que agora está difícil. Ou para dizer que não quer nada sério contigo.  Maria Joana, pare de bancar a mocinha e salve a si mesma. Se você gosta de revolução,  bota a máscara e vai para rua!

- Isso é o que alguns minutos de Homem Aranha na Rede Globo faz comigo.


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