Eliete Miranda |
As
pessoas mais fortes que eu conheço choram. Tem a força da água. Sempre que
sentem, derramam suas lágrimas. Mulher forte, empoderada, não precisa ter a
cara fechada (isso é papo do patriarcado). Emoção reprimida é água parada. Cria
lodo, pântano, mágoa. A gente se enfraquece pela pose, pela aparência, pelo peso
da couraça. Mais forte que a lança é a dança. Por isso hoje eu faço uma
homenagem a minha querida professora Eliete Miranda no seu
aniversário. Essa guerreira que tem nos ensinado a arte de dançar afro:
escavação do feminino sagrado. Ritmo primitivo, pés fincados. Debaixo do
concreto que sufoca está a terra. A faca nos poda, mas é fraca. Somos as raízes
que atravessam. Flor que nasce no asfalto. E quando chove tudo se alaga... A
cidade e sua pressa se submergem. Como um feto no nosso ventre. Tudo depende do
nosso trabalho. Criação, arte, parto. Somos o baile da cachoeira no encontro
com o vento. Nosso próprio empoderamento.
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