domingo, 16 de agosto de 2015

Empoderamento



Eliete Miranda


As pessoas mais fortes que eu conheço choram. Tem a força da água. Sempre que sentem, derramam suas lágrimas. Mulher forte, empoderada, não precisa ter a cara fechada (isso é papo do patriarcado). Emoção reprimida é água parada. Cria lodo, pântano, mágoa. A gente se enfraquece pela pose, pela aparência, pelo peso da couraça. Mais forte que a lança é a dança. Por isso hoje eu faço uma homenagem a minha querida professora Eliete Miranda no seu aniversário. Essa guerreira que tem nos ensinado a arte de dançar afro: escavação do feminino sagrado. Ritmo primitivo, pés fincados. Debaixo do concreto que sufoca está a terra. A faca nos poda, mas é fraca. Somos as raízes que atravessam. Flor que nasce no asfalto. E quando chove tudo se alaga... A cidade e sua pressa se submergem. Como um feto no nosso ventre. Tudo depende do nosso trabalho. Criação, arte, parto. Somos o baile da cachoeira no encontro com o vento. Nosso próprio empoderamento.

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