Setembro começou mais cedo
Nesse mês, morrem ainda mais flores
Na primavera prolifera-se o fim
E nascem algumas mulheres
Em setembro há festa
de moça morta
Flores
No cemitério.
domingo, 29 de agosto de 2010
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
O estranho caso da vontade com o acaso
"Ai do acaso, se não ficar do meu lado" (P. Leminski)
Dona da vontade tinha tudo planejado,
em seu estilo alpinista,
queria conquistar o acaso na marra,
enlaçar o cara.
E na escalada da noite foi subindo uma vontade.
Essa vontade não para!
Cheia de marra foi com tanta sede ao topo,
que o tomou foi um tapa na cara e...
GOSTOU!
Por acaso, descobri: vontade na conquista, é sadomasoquista!
E ninguém segura essa danada! Vontade quando dá, é vontade de matar!
Mas a louca calculista não contenta,
quer contar com o acaso, toda hora!
- Ô vontade se manca, com o caso não se conta!
Acaso não se guarda, nem aguarda.
Por acaso se encontra, sem procurar.
Com a faca e sem o queijo.
Acaso tem gosto de beijo,
na boca!
Deixa vontade louca!
E quando junta a fome com a vontade de comer...
Não adianta, vontade tanta,
não satisfaz.
Insaciável, sempre que mais e mais e mais..
Mas acaso, nem cria caso.
Dizem que mora ao lado,
mas faz festa e não liga.
Acaso se esconde, não sei bem aonde.
E vontade que não é pouca, fica puta!
Se arruma veste roupa,
Fantasia com acaso
e diz que nem sem importa.
- Se acaso não lembra, nem ligo
Faço a festa e não convido!
Mas avisa o amigo,
que conta do agito, por acaso
e traz um camarada,
que sempre arruma briga,
quando lhe derramam cerveja.
- Veja, o barraco.
Tá tudo quebrado.
Inteiro sobrou só um caco,
de acaso, que partiu...
Sem nem dizer tchau!
E vontade contrariada
Se descontrola perde a cabeça:
- Acaso coisa nenhuma!
Horas de espera para nada!
Nada acontece por acaso
Tudo depende da vontade
É que acaso não complica com expectativa.
Por isso é tão gostoso!
Acaso se alimenta de tudo aquilo que não tenta
Dizem até que é um caso perdido
Quando você procura não acha
- Ah... vontade, relaxa! Que acaso, acontece.
E como quem não quer nada
Ela abre a porta de casa
E diz que de acaso não se corre atrás.
- Faço eu o que me dá vontade,
Se pra ele tanto faz.
Acaso se quiser, pode entrar
Eu estou pronta, não precisa nem bater!
No entanto, vontade que não é santa,
e que não adianta, não deixa de querer...
Vai dar em outro canto.
Porque sabe, que acaso, sempre vai acontecer.
domingo, 1 de agosto de 2010
Pelas barbas do poema, não faça!
A chuva lava a mata
e arrasa os declives
quando não há raízes.
O chuveiro lava a cara
e me leva do teu cheiro
quando se desmata a barba.
Que idéia de navalha
me privar da seiva
e do roçar na nuca
desse meu poema!
A tudo que teu aroma traz, me ato
atento misto de pele e raízes
me fio a teu cabelo
algodão do travesseiro
Essas coisas cabeludas
que me desabrocham os sentidos
desertificam quando devastas
a tua face. Não faça!
e arrasa os declives
quando não há raízes.
O chuveiro lava a cara
e me leva do teu cheiro
quando se desmata a barba.
Que idéia de navalha
me privar da seiva
e do roçar na nuca
desse meu poema!
A tudo que teu aroma traz, me ato
atento misto de pele e raízes
me fio a teu cabelo
algodão do travesseiro
Essas coisas cabeludas
que me desabrocham os sentidos
desertificam quando devastas
a tua face. Não faça!
Apoena
- poema coletivo, em movimento, calçada, tropeços, percalços, cachaça
Ajuntamento
tropeça na calçada
em movimento
consequência do tempo
passado atrás
tanto faz
que o junco sem pena
anterior à escrita
se passa poema
em multidão
a perna
veículo torto
pisa com o pé esquerdo
explica
Ajuntamento
tropeça na calçada
em movimento
consequência do tempo
passado atrás
tanto faz
que o junco sem pena
anterior à escrita
se passa poema
em multidão
a perna
veículo torto
pisa com o pé esquerdo
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