"Ai do acaso, se não ficar do meu lado" (P. Leminski)
Dona da vontade tinha tudo planejado,
em seu estilo alpinista,
queria conquistar o acaso na marra,
enlaçar o cara.
E na escalada da noite foi subindo uma vontade.
Essa vontade não para!
Cheia de marra foi com tanta sede ao topo,
que o tomou foi um tapa na cara e...
GOSTOU!
Por acaso, descobri: vontade na conquista, é sadomasoquista!
E ninguém segura essa danada! Vontade quando dá, é vontade de matar!
Mas a louca calculista não contenta,
quer contar com o acaso, toda hora!
- Ô vontade se manca, com o caso não se conta!
Acaso não se guarda, nem aguarda.
Por acaso se encontra, sem procurar.
Com a faca e sem o queijo.
Acaso tem gosto de beijo,
na boca!
Deixa vontade louca!
E quando junta a fome com a vontade de comer...
Não adianta, vontade tanta,
não satisfaz.
Insaciável, sempre que mais e mais e mais..
Mas acaso, nem cria caso.
Dizem que mora ao lado,
mas faz festa e não liga.
Acaso se esconde, não sei bem aonde.
E vontade que não é pouca, fica puta!
Se arruma veste roupa,
Fantasia com acaso
e diz que nem sem importa.
- Se acaso não lembra, nem ligo
Faço a festa e não convido!
Mas avisa o amigo,
que conta do agito, por acaso
e traz um camarada,
que sempre arruma briga,
quando lhe derramam cerveja.
- Veja, o barraco.
Tá tudo quebrado.
Inteiro sobrou só um caco,
de acaso, que partiu...
Sem nem dizer tchau!
E vontade contrariada
Se descontrola perde a cabeça:
- Acaso coisa nenhuma!
Horas de espera para nada!
Nada acontece por acaso
Tudo depende da vontade
É que acaso não complica com expectativa.
Por isso é tão gostoso!
Acaso se alimenta de tudo aquilo que não tenta
Dizem até que é um caso perdido
Quando você procura não acha
- Ah... vontade, relaxa! Que acaso, acontece.
E como quem não quer nada
Ela abre a porta de casa
E diz que de acaso não se corre atrás.
- Faço eu o que me dá vontade,
Se pra ele tanto faz.
Acaso se quiser, pode entrar
Eu estou pronta, não precisa nem bater!
No entanto, vontade que não é santa,
e que não adianta, não deixa de querer...
Vai dar em outro canto.
Porque sabe, que acaso, sempre vai acontecer.
não por acaso, mas deu na telha da vontade ter vontade de vir aqui e ver o que daria.
ResponderExcluire deu!
muito bom menina Alice!
Pode ficar à vontade!
ResponderExcluirficou bem legal mesmo!
ResponderExcluirtem uma história que se desenrola, legal, um conto poético?!
e parece que se redescreve tb as próprias experiências, bom pra se descortinar.
Pode crer. Acho que dá para chamar de conto poético sim. E é tão auto-biográfico que até hoje eu não me conformo com o final. Ainda acho que tinha que dar um jeito de inventar uma vontade que casasse com o acaso! Mas sempre me parece impossível!
ResponderExcluir"Acaso se alimenta de tudo aquilo que não tenta"
ResponderExcluirachei legal essa construção.
"Acaso se alimenta, de tudo que não tenta"
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acho possível, acho sim.
mas tenho pensado que temos de inventar uns nomes novos, umas poesias novas, uns mecanismos novos para esse negócio do 'casar'... É uma coisa muito tradicional, talvez devamos reinventá-la em alguns importantes aspectos.