domingo, 25 de novembro de 2012

Workshop para aprender a dizer "não"


(Com Romã Neptune)

- Todos digam "não"!
- Viu como dizer “não” pode ser difícil?
- O que é melhor, dizer que você foi pintar a unha do cachorro da sua avó ou não responder nada?
- Educação também é dizer “não”.
- Você nem sabia que ia dormir com o cara, mas já falou o que ia fazer amanhã, porque você diz o que vai fazer amanhã pra qualquer pessoa, quando ainda é ontem, antes dela se tornar o cara. Mas você dormiu com ele, é hoje e ele pergunta daquele show. Mas pra você ontem já passou. E agora, como dizer que não rola? Você se enrola...
- Ou chega uma menina que você fica há um tempo, mas que resolveu te enxergar só agora e coloca para fora todas as sentimentalidades que um dia você quis ouvir, mas no momento você tá indo encontrar com outra, que a essa altura já é a atual, na porta do banheiro... Num bate um desespero?
(Bater tambores)
- “O silêncio gera expectativa”
- E a expectativa estraga a festa.
- Dizer "não" é dar opção do outro cair fora.
- Um "não" é melhor que nada.
- Ninguém deve satisfação! 
- Mas o teu silêncio alimenta a nóia das mina.
- Fica o “dito pelo não dito”.
- Às vezes você fala pouco e diz tudo, às vezes você não diz nada e deixa que os outros falem por você.
- O silêncio é uma folha em branco.
- Deixa qualquer um quicando.
- É um discurso sem palavras.
- E para bom entendedor qualquer pingo é letra.
- Mas quando o cara diz “não” de repente a mina fica puta e é chato. 
- Qual é problema da mina ficar puta? Aí é com ela. Pelo menos você foi sincero. Ou será que era só mais um contato para botar na gaveta?
- Não abre mão de ter o outro a mão.
- Nos dois casos as mina pira.
- “ Vai, meu coração, ouve a razão, usa só sinceridade!” Telefone só se for ligar. Quem quer dá um jeito quem não quer dá desculpa. Antes cair das nuvens que de um terceiro andar.
- Alô, malandragem, um dado de realidade:
A gente se vê uma ova!,  carioca da gema.
O Rio de Janeiro é um ovo.
Claro que a gente se vê: com outro.
- A Mem de Sá é uma província.
Todo mundo se conhece na Casa da Cachaça
A mina que pira podia ser sua amiga
Dependendo do que você diga
- Seja generoso:
Diga "não"!
- O "não" liberta
Diga "não"!

sábado, 10 de novembro de 2012

Ensaio de guerra


"Artista é o caralho" gritou ao poeta o operário.
"Vai arrumar emprego de verdade.
Para trabalhar você não tem coragem"

Eu sou uma fábrica
Se me faltam chaminés, sobra vontade
Claro que o comércio é coisa respeitável
Mas o ofício do poeta é muito mais difícil
Varejamos gente viva
Polimos as almas com a lixa do verso
Não me apresso
Em receber um preço mais alto ou baixo
Eu não me encaixo
O carro do ano ficou velho
Mais valem novos erros
Os corações são motores
Que fazem a roda da fortuna girar
Girar
Girar
A roda só gira para quem tem a mão no girar
Girar
Girar
O destino começa onde pode mudar

Espera não! Desespera!
Só confio em gente que berra
Ja é ou já era?
Ensaio de Guerra!


obs:
Releitura do poema
O Poeta-Operáriode Vladimir Maiakovski e inspirado na música Roda da Fortuna da banda Ensaio de Guerra. Esse poema foi criado especialmente para a ocasião do lançamento do CD da banda. 

 


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Vantagem da monogamia



Sair sozinho afim
Não pegar ninguém
E ainda mandar bem!





Sinto





Antes que tudo se perca no mar da coisa não dita
A poesia dita
A poesia grita
A poesia grita!


---


Quem não quer sentir sofre sem saber porque se sofre sabendo sabe sentir só é feliz quem sabe porque.



---

Não lamente.
Eu sinto muito!
Enquanto você não sente.


ps: imagem emprestada de http://www.momentometamorfose.com.br/semcategoria/grito/

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Intelectual




-->
--> --> Vocabulário de palavras cruzadas - nível avançado
uso termos rebuscados
os que criticam não alcançam
me cansam 

Sou lido por um grupo restrito: amigos
Quando me refiro ao termo “amigos”, 
quero dizer pessoas de mesmo nível

Se gostou do meu escrito e 
não é do mesmo nível quer transar comigo

Me mastubo com uma frequência normal
Mas prefiro fazê-lo com a caneta, pois é mais limpo

Sou prolixo e tenho uma idéia fixa
Eu
Eu
Eu

Discuto pentelho e vírgula

Acho simplório ser direto
Sou muito séria
Não sei se poemas devia ser ditos em platéia
Frequentemente me refiro a cidades europeias
Me recuso a memorizar meus textos
Poderia soar como esforço para ser compreendido
Poderia parecer que eu quero que as pessoas gostem de mim
Escolhi cuidadosamente essa roupa sem cor para que não haja dúvidas que eu não me importo com a minha aparência.
Nem sequer uso salto alto. Que fique claro.
Eu jamais rebolaria até o chão.

sábado, 18 de agosto de 2012

Miragem (Espejismo)




Deus criou o homem a sua imagem e semelhança” (Gn. 1,27)

Deus criou o homem
E o homem criou Deus
Sua imagem, seu EU
E o semelhante perdeu

Antes do nome, no início, era o paraíso
O semelhante era preciso
Pelos olhos do outro se revelava o homem
Ou então ele se abaixava pra procurar seu reflexo na água
Outro e água eram um,
Tudo era comum

Mas veio o homem branco
E trouxe o encanto da imagem
Por isso estamos até hoje
Trocando água por refrigerante
Aceitamos o nome que nos foi dado
Negro, índio, favelado
Trocamos nossa terra
Por reflexo que cega

Isso porque inventaram um espelho que só reflete o que você que ver
A propaganda está voltada para a classe C
Mas quem compra é o outro, quem manda!
Bobo é só o índio que trocou ouro por bugiganga...

Sabe uma coisa que tem espelho?
Carro. Carro tem espelho.
Roupa, que a gente usa pra olhar no espelho

Espelho, espelho meu
Cada um tem o seu
E quando o espelho é você?
Que só reflete o que o outro quer ver
É aplauso, tapinha nas costas e um abraço
Dizer o que o outro quer ouvir é muito fácil
Difícil é botar a mão na massa
E transformar a realidade – que começa em casa
Depois na esquina e na praça

A vaidade é inimiga da verdade
Amigo que é amigo dá o papo, com tato
E se for preciso, camarada
Dou até a cara a tapa!

A imagem é confortável
Mas o espelho é frágil
Quebra fácil, vira caco
A força se encontra no fato
A imagem é o SPA do eu
A imagem é o espelho do eu
Parece até que sou completo
Me vejo no espelho e me sinto concreto
Mas é mero reflexo

Por isso eu proponho
Que se quebrem os espelhos
O que ficar inteiro é você

Imagem não é nada. É miragem!
Plante-se na prática
E beba água
Oásis da verdade

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Tempo sem matemática

(Ilustração por Thiago José)


Temo o tempo quando é conta
Que se quer ter
 Estava tudo planejado
 Mas o tempo me aponta:
 - Você! (Alguma coisa deu errado...)

Por isso aquele pesadelo
 Da prova de matemática
Até depois dos 25 anos
 E sabe Deus até quando!
 Esqueci de estudar
Deixar a prova em branco

Quando não tento ter o tempo
É que ele toma conta
E sem querer...
Distração se faz encontro

 Então ele se mostra
 Algo se rasga, é uma festa
O máximo do choque térmico
Tempo arte sem matemática

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

PLAYBOY

O Carnaval é a arte de brincar na rua. E de brincadeira quem entende, definitivamente, são as crianças. Mas teve menino que passou a infância inteira no Play e ao invés de se tornar um garoto brincalhão vira um rapaz que não sabe brincar. Acho que daí vem: Playboy. Teve brinquedo melhor que os outros e fica sempre com medo de perder.

Tudo isso pra dizer que tem gente que não sabe brincar (Carnaval). Claro que eu tenho medo de quem está ali pra roubar, mas nesse caso, o objetivo tá explicado. Mas o que me deixa apavorada é quando um cara que tem mais do que eu, resolve achar que eu tenho qualquer coisa que lhe é de direito tomar. E isso pode ser até um beijo, ora veja!

A mulher é o brinquedo, e o cara que não está acostumado a levar um “passa fora” da sua própria bola fica bolado! Se ele, pelo menos tivesse aprendido a passar a bola, aí de repente rolava.

Não sabe brincar não desce pro play, boy!
(E muito menos para o Carnaval de rua)

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Cordel do quejo coalho




(Ilustração por Alex Soares)


Rafael hoje reclama
não é moça nem é miss
e assim começa o drama
de sua esposa Berenice

Isso porque alguém lhe disse
que ela já não agradava
seu marido preferia
uma bela jovem magra

Berenice em desespero
quer a lipoaspiração
junta todo seu dinheiro
- será isso ou o caixão!

Em São Cristóvão era a clínica
e o destino foi tão cínico
bem no meio do caminho
a Feira dos Paraíbas

Lá chegando ela repara
mulher feia com barriga
mas se nota pela cara
que está feliz da vida

Não liga pras aparência
do pneu não tem vergonha
dança forró com saliênica
sensual leve e risonha

É quando come o queijo coalho
e manda tudo pro caralho
é quando o seu queijo come
e toda sua fome some

E Berenice, não espalha
encaixou com o paraíba
desistiu de sua lipo
e partiu com Severino

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