Depois de cruzar o vão, senti um aperto no peito. Tem gente que sofre de ataque pânico no metrô. Será que estaria acontecendo comigo? Mas isso não é possível. Eu sou daquelas que se apaixona nos metrôs. Me deparo com musos aleatórios para quem olho, desesperadamente. Me falta o ar. Temo pela minha vida. Não sei o que vai acontecer. Respira, respira, respira. São lindos de morrer!
Tem gente que desmaia no metrô. Eu sou daquelas que dança. Os
músicos de rua me alcançam... E me fazem esse bem em pleno trem. No momento que
eu mais preciso. Fazem do meu anseio um sentido. Som no ruído. Subversivos, são
reprimidos pelos seguranças. Mas não se pode segurar a canção.
Tem gente que sofre de paranóia no metrô. A pessoa olha em volta e
se sente perseguido. Eu sou daquelas que escreve no metrô. Ninguém vai
suspeitar do que eu teclo. Posso até parecer com eles, em suas solidões
celulares, jogando coisinhas, enviando mensagens... Mas na verdade invento
musos, personagens, músicos. Eu falo de você, moço sentado ao meu lado. Essa
taquicardia ninguém repara. É coração disparado de olhos vidrados em você: meu
transtorno de.
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