Nasce na cidade, um coração artista,
uma necessidade
Se vivesse na floresta, prescindia de festa
para estar junto dos seus
E não sofria de adeus
Ou prazo de validade
Onde lado a lado é separado
Cada vaso é concreto
E há de ser regado
De carinho e afeto
Protegido do excesso
Cada qual uma semente
Que passa choro e enchente
Ou sol que faz,
Freqüentemente demais.
Amendoeira no jardim protege flor
Mas assalto e barranco que despenca é muita dor
Para criatura assim tão delicada
Na tempestade, despedaçada
Cuidar a flor não é favor
Prá quem beleza é um valor
Coração artista
Ar triste de nascença
Asfixia de indiferença
Cada um cuida dos seus
Cada qual com seu cuidado
Devidamente negociado
Ou há festa em que todo mundo é convidado?
Assim se vive em dívida
Há de se pagar a conta de cada necessidade
Que não brota do chão
Artista solidão
Escolher a trilha onde nasce um coração
No alto da montanha ou sob um viaduto
A cada passo o peso do corpo inteiro
A força de querer não basta
Paciência, persistência, inteligência
Só compõem a concreta consistência
Que sabe só de porta aberta
Consciência na cidade
Entre nós e além
Do mal e do bem
Independente da vontade
Ou da vaidade
Pra viver em liberdade,
o cuidado da necessidade
se planta em cada nós.
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