Uma antiga moradora do Rio de Janeiro em comentário acerca das enchentes recentes disse que elas provavelmente deviam ser causadas devido ao mau hábito do carioca de soterrar os rios.
Numa rua feita rio (de Janeiro)
Agruras de Março fechando o verão
(Ainda que em Abril)
Soterrados de concreto
Revolta de rios mil
Calendários alterados
Tempo que se conta em chuva quanta
Tanta chuva que não basta
Água hora que se gasta
Promessa de vida, nem diga
Só se for de dívida, mendiga
Sentença de morte natural:
Rio soterrado sob pedra artificial
Rio pobre sem teto e sem leito
Desabrigado, está no direito
De chover um rio sobre um Rio
Para desaguar em paz
No barranco que seu curso faz
Monta seu barraco a beira morro
Construído sobre a fé
Há de descansar em paz
Rio zumbi fora de hora
Pobre sujo e sem leito
Sob o barro se apavora
No olho do asfalto
Sobe ao alto e chora:
Um rio de amargura.
Oi, Alice! Parabéns pelo traços de poesias e pelo fôlego do blog. Pesquisa blogográfica? Trabalho da faculdade de... comunicação? Vamos nos falando...
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