domingo, 23 de maio de 2010

Poesia pichação

Big brother. Blog. Escova progressiva. Orkut. Auto-ajuda. Filhos. Dieta. Facebook. Desejo de ser reconhecido. Piercing colorido. Casamento. Cirurgia plástica. Tatuagem. Zoar o coleguinha. Pegar geral. Mestrado. Drogas. Religião. Doutorado. O grupo. Palco. Maquiagem. Instrumento musical. Escrever um livro. Promoção. Perfume importado.
Ser visto. Servir. Ser quisto. Ser seguido.

Twiteeeeeeer!

Há de se envergonhar de tudo isso?
Que sim... Mas vergonha, essa é luxo de incluídos.

A moça pensa: todo mundo diz que eu tenho sorte de ser bonita, rica e inteligente. Eu queria ser feia, pobre e burra para que gostassem de mim só por eu ser gente. Que não olhassem para mim pelo meu valor de uso. Por isso a navalha.

Poesia cicatriz. Aos cortes na pele.

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Que me batam na cara. Que aí saibam que eu existo. Ser visto. Reconhecido. Ter valor. Se é assim serei mau. Vou escrever meu nome na cidade. Essa cidade é minha. Serei seu rei. ESCREVE-REI meu nome no concreto da cidade com uma letra só minha todos saberão que eu tenho valor. Escreverei no mais alto do alto edifício.

Poesia pichação. Só que não tão alto.

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- A moça do texto é uma referencia a “A mulher mais linda da cidade” do Bukowski. Que é um conto visceral!
- Botaram aqueles tapa favela na linha vermelha. Ainda bem que já picharam.

Um comentário:

  1. alice, você é " a mulher mais linda da cidade".
    legal ler uma menina falando desse conro em ESSÊNCIA.
    beijos e alicie o mundo.

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