Tem um peito que não é meu na boca do meu amado
E na carícia que me faz na pele, carinho materno
No olhar do namorado, mora seu jeito de ser olhado
Em cada corpo a casa dos pais
Sei que o jeito de amar é familiar e parte da memória
No entanto, é tempo de dar um novo corpo à história
- Não é que eu vá ser uma má nora...
Mas tá na hora de botar os pais para fora!
Na nossa cama o ato, não interdito
Não me preocupo, eu gozo, eu grito!
- Mas vai que a velha escuta!
- Depois eu que sou filha de uma...
Rapaz, quando você deixar a casa dos seus pais
Vai ver que a vida é mais que opções
Do que te levam a boca em bandeja
Pessoas não são garçons e eu não sou a sobremesa!
Mas se você disser que te apraz
Aí eu me coloco por sobre a mesa
Não presta debaixo dos panos
É papo reto, pratos limpos, sem enganos
Ainda que por debaixo da saia...
No caso não cabe ninguém de tocaia
E com mãe por perto sempre se é a outra.
A perder na disputa
De ideal que nunca alcança
Quando você criança
Eu sou só substituta
E isso não aceito
Quero de igual para igual
Esse é o plano. Horizontal
Na minha cama, garoto
Até tem peito... (Porque não?)
mas o amor é genital.
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
domingo, 12 de dezembro de 2010
O ciúme dos pés de Pamela Perigos
Pamela é prima de Amanda Petardo
Pamela Perigos é uma princesa faceira que tem por profissão pisar os corações dos homens. Sem apego a contratos, preceitos ou sapatos, Pamela Profana anda com os pés descalços. Mas se engana aquele que pensa que a moça suja os pés na lama. Cada passo de Pam pisa a face do tenta, sem sucesso, lhe beijar os pés. Patético. E a gata artilheira é tão boa de chute que já não se pode contar os dentes que descasou da boca alheia.
Pamela é a heroína de todas as cinderelas choronas. Tudo quanto é coisa na vida se joga aos pés de Pamela Pezuda e agradece ser pisado. Dizem até, que nas pegadas que deixa no pasto, nasce uma flor, que quando bem fervida faz um prato afrodisíaco que transforma qualquer Maria-vai-com-as-outras em uma boa trepadeira.
Isso até nossa princesa conhecer Pedro - o Pianista, que foi preciso em tocar seu ponto “p” feito tecla de piano. Pois é, ele criou um plano que amaciou nossa pantera até o estado de gata borralheira. Ao seu toque de sonata, Pam renega seu costume e já não bota o pé na estrada. Depois da massagem nos pés que Pedro fez, a moça passa a ter ciúmes! Agora pantera neurótica, agora olha por onde anda, vigia os passos do amado e caminha com todo cuidado.
É que a moça era tão auto-suficiente, que até seus pés já tinham desenvolvido uma personalidade própria:
O pé direito, impositivo, exige que se comece a massagem por ele, diz que dá sorte e é tradição. Dando motivo ao companheiro de esquerda, impulsivo, começar a confusão. E os antigos camaradas de chão, depois da vida de patrão, sossego... Já não podem desapego. Pernas pro ar, pés que estão amando, não querem mais pisar. Não escutam os apelos de Pamela, nem atendem seu comando! Quem já recebeu uma massagem nos pés sabe do que eu estou falando...
Presa. Pamela sábia andarilha, pressentiu a arapuca, mas caiu na armadilha. O laço do desejo de criar raízes a apertou os tornozelos e lhe girando de ponta cabeça. Mas a fera não tem medo. Prefere quebrar a cara. Antes a foice ao fim da liberdade. Que lhe cortem os pés para alejar o desejo! Eis que todo Aquiles tem seu calcanhar, toda heroína seu ponto fraco e todo mito seu paradoxo: O que poderia Pam sem seus pés para levantar a poeira do mundo?
E assim se criou o costume - o uso dos sapatos contra os ciúmes (o que também explica a estranha atração de mulheres pelo seu consumo). É fato que a gata perde um tanto do encanto quando faz caber seu desejo no formato de sapato. E no entanto é ainda mais perigo de salto agulha cristal, um risco para todo Pedro que se acha o tal. Pamela é o avesso da Cinderela, que é só espera de príncipe encantado. E enquanto não encontra, seu par de pé descalço, previne o passo em falso, astuta: ela bota o sapatinho e vai a luta!
Agradecimentos especiais a Dan Soares, autor de Amanda Petardo, Dudu Pererê e Pamella Lessa (que emprestaram experiências, inspiração e idéias a essa empreitada poética).
Pamela Perigos é uma princesa faceira que tem por profissão pisar os corações dos homens. Sem apego a contratos, preceitos ou sapatos, Pamela Profana anda com os pés descalços. Mas se engana aquele que pensa que a moça suja os pés na lama. Cada passo de Pam pisa a face do tenta, sem sucesso, lhe beijar os pés. Patético. E a gata artilheira é tão boa de chute que já não se pode contar os dentes que descasou da boca alheia.
Pamela é a heroína de todas as cinderelas choronas. Tudo quanto é coisa na vida se joga aos pés de Pamela Pezuda e agradece ser pisado. Dizem até, que nas pegadas que deixa no pasto, nasce uma flor, que quando bem fervida faz um prato afrodisíaco que transforma qualquer Maria-vai-com-as-outras em uma boa trepadeira.
Isso até nossa princesa conhecer Pedro - o Pianista, que foi preciso em tocar seu ponto “p” feito tecla de piano. Pois é, ele criou um plano que amaciou nossa pantera até o estado de gata borralheira. Ao seu toque de sonata, Pam renega seu costume e já não bota o pé na estrada. Depois da massagem nos pés que Pedro fez, a moça passa a ter ciúmes! Agora pantera neurótica, agora olha por onde anda, vigia os passos do amado e caminha com todo cuidado.
É que a moça era tão auto-suficiente, que até seus pés já tinham desenvolvido uma personalidade própria:
O pé direito, impositivo, exige que se comece a massagem por ele, diz que dá sorte e é tradição. Dando motivo ao companheiro de esquerda, impulsivo, começar a confusão. E os antigos camaradas de chão, depois da vida de patrão, sossego... Já não podem desapego. Pernas pro ar, pés que estão amando, não querem mais pisar. Não escutam os apelos de Pamela, nem atendem seu comando! Quem já recebeu uma massagem nos pés sabe do que eu estou falando...
Presa. Pamela sábia andarilha, pressentiu a arapuca, mas caiu na armadilha. O laço do desejo de criar raízes a apertou os tornozelos e lhe girando de ponta cabeça. Mas a fera não tem medo. Prefere quebrar a cara. Antes a foice ao fim da liberdade. Que lhe cortem os pés para alejar o desejo! Eis que todo Aquiles tem seu calcanhar, toda heroína seu ponto fraco e todo mito seu paradoxo: O que poderia Pam sem seus pés para levantar a poeira do mundo?
E assim se criou o costume - o uso dos sapatos contra os ciúmes (o que também explica a estranha atração de mulheres pelo seu consumo). É fato que a gata perde um tanto do encanto quando faz caber seu desejo no formato de sapato. E no entanto é ainda mais perigo de salto agulha cristal, um risco para todo Pedro que se acha o tal. Pamela é o avesso da Cinderela, que é só espera de príncipe encantado. E enquanto não encontra, seu par de pé descalço, previne o passo em falso, astuta: ela bota o sapatinho e vai a luta!
Agradecimentos especiais a Dan Soares, autor de Amanda Petardo, Dudu Pererê e Pamella Lessa (que emprestaram experiências, inspiração e idéias a essa empreitada poética).
sábado, 20 de novembro de 2010
Princípio e precipício
Parto do princípio que tudo é precipício
E o tédio coisa de quem tem pressa
Rotina sina do que não se atira
No divino da vida
- Dádiva ávida a espera do todo
Parto do princípio que essa ânsia sou eu
E a náusea o sono do que não escuta
O convite do novo. Na vida,
não há o que se repita. Tudo nela grita.
Parto do princípio que esse abismo sou eu.
Páro. Tiro os sapatos
Ando com os pés descalços
E o solo me acolhe na vertigem
Verto lágrimas férteis
Planto a despedida e vomito a falta
Aceito o fim
Parto do princípio que o início é a partida.
Vem comigo? Adeus.
(mais uma vez)
E o tédio coisa de quem tem pressa
Rotina sina do que não se atira
No divino da vida
- Dádiva ávida a espera do todo
Parto do princípio que essa ânsia sou eu
E a náusea o sono do que não escuta
O convite do novo. Na vida,
não há o que se repita. Tudo nela grita.
Parto do princípio que esse abismo sou eu.
Páro. Tiro os sapatos
Ando com os pés descalços
E o solo me acolhe na vertigem
Verto lágrimas férteis
Planto a despedida e vomito a falta
Aceito o fim
Parto do princípio que o início é a partida.
Vem comigo? Adeus.
(mais uma vez)
domingo, 7 de novembro de 2010
Limão-irmão
Mulher avulsa em cena:
AVANÇO
A quem pertence? - alguém pergunta
Ninguém avisa o vazio que é
A procura de mulher.
Feito fruta caída
Usufruto proibido
Essa Eva colhida
Abaixo o desperdício
E viva a novidade
Da primeira mordida.
Mas pode a fruta, contigo,
Para além da comida,
Também ser fruta-amiga,
E crescer feito raízes
Ao largo de riachos e
som de risos?
Eu te garanto garoto,
Se espremer, descubro
A fonte do mesmo suco
É fruto do mesmo cacho
No fundo da polpa acho,
Bem debaixo da casca,
E da cara-de-mau
Um belo LIMÃO-IRMÃO
Vê, você é meu igual.
AVANÇO
A quem pertence? - alguém pergunta
Ninguém avisa o vazio que é
A procura de mulher.
Feito fruta caída
Usufruto proibido
Essa Eva colhida
Abaixo o desperdício
E viva a novidade
Da primeira mordida.
Mas pode a fruta, contigo,
Para além da comida,
Também ser fruta-amiga,
E crescer feito raízes
Ao largo de riachos e
som de risos?
Eu te garanto garoto,
Se espremer, descubro
A fonte do mesmo suco
É fruto do mesmo cacho
No fundo da polpa acho,
Bem debaixo da casca,
E da cara-de-mau
Um belo LIMÃO-IRMÃO
Vê, você é meu igual.
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Poema de língua
Não cabem mais palavras na boca de quem beija.
Mas há um bocado de sentido! Por isso digo: o beijo é linguagem. Línguas ageis interagem. E o transporte é a saliva, que lava a palavra e me leva à ação. O que em mim ativa: desejo de comunicação.
Mas há um bocado de sentido! Por isso digo: o beijo é linguagem. Línguas ageis interagem. E o transporte é a saliva, que lava a palavra e me leva à ação. O que em mim ativa: desejo de comunicação.
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Entre
Dentro da festa tem uma festa
tem uma prece dentro da festa
tem uma pressa na superfície
pressa que passa quando acontece
-o espaço entre
Dentro da festa tem um convite
Não tem limite e nunca finda
Peço que venha sem pensamento
E que confie no que consiste
-a festa ainda
Tem uma festa dentro do tempo
Sem estrutura e sem conceito
Que coexiste em substância
Flui e transborda a superfície
-deste presente
Tem uma festa dentro da boca
Festa de fala que não se entende
Este convite vem das entranhas
Como sabê-las sem habitá-las?
-peço que entre
tem uma prece dentro da festa
tem uma pressa na superfície
pressa que passa quando acontece
-o espaço entre
Dentro da festa tem um convite
Não tem limite e nunca finda
Peço que venha sem pensamento
E que confie no que consiste
-a festa ainda
Tem uma festa dentro do tempo
Sem estrutura e sem conceito
Que coexiste em substância
Flui e transborda a superfície
-deste presente
Tem uma festa dentro da boca
Festa de fala que não se entende
Este convite vem das entranhas
Como sabê-las sem habitá-las?
-peço que entre
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Voto nu
Meu partido é um coração partido
Entre direita e a esquerda faz um vão
Plataformas e discursos se disputam
Cada extremo oposto
Rejeita coligação
Pelo verso ou pelo voto
O candidato logo nota:
- vence aquele que sustenta a posição
Mas cada lado nega o outro
Na política do não
Por isso afirmo o espaço onde
O vazio não se esconde
Da disputa que não fala
Fica a disposição
De onde a poesia brota
- ela é quem tem meu voto
Posto que o verso não é vão
Do amor nunca se é nulo
Volta-se nu ou não.
Entre direita e a esquerda faz um vão
Plataformas e discursos se disputam
Cada extremo oposto
Rejeita coligação
Pelo verso ou pelo voto
O candidato logo nota:
- vence aquele que sustenta a posição
Mas cada lado nega o outro
Na política do não
Por isso afirmo o espaço onde
O vazio não se esconde
Da disputa que não fala
Fica a disposição
De onde a poesia brota
- ela é quem tem meu voto
Posto que o verso não é vão
Do amor nunca se é nulo
Volta-se nu ou não.
domingo, 3 de outubro de 2010
Cavalheiros, abaixem as armas
Cavalheiros, abaixem as armas
Não há nada a ser conquistado
Quanto mais moços, mais veteranos de guerra
Rasgam as almas em redes de traumas
Sob couraças sem remendo.
Vejam o jovem tecelão
Em sua delicada arte de cozer
- coisa de mulher
Fia um destino sem armas
Ajusta um pequeno desvario
E com ela, por um fio
Confia e tece a paz
Em constante desafio
Ao qual se rende. Arte.
Cavalheiros, abaixem as armas
À infértil conquista da bela
Mais ricos os homens da terra
Porque sabem que não há o que roubar
- quando se é dela.
Oh colonizador vão!
De que valem as estratégias de ocupação?
O território é sua amiga
Com quem se compartilha
A terra, a cama ou o chão.
Cavalheiros abaixem as armas
Porque a conquista é breve
E o que ganha logo não serve:
Semente boa sobre o aço
Um remendo de fumaça.
Não há nada a ser conquistado
Quanto mais moços, mais veteranos de guerra
Rasgam as almas em redes de traumas
Sob couraças sem remendo.
Vejam o jovem tecelão
Em sua delicada arte de cozer
- coisa de mulher
Fia um destino sem armas
Ajusta um pequeno desvario
E com ela, por um fio
Confia e tece a paz
Em constante desafio
Ao qual se rende. Arte.
Cavalheiros, abaixem as armas
À infértil conquista da bela
Mais ricos os homens da terra
Porque sabem que não há o que roubar
- quando se é dela.
Oh colonizador vão!
De que valem as estratégias de ocupação?
O território é sua amiga
Com quem se compartilha
A terra, a cama ou o chão.
Cavalheiros abaixem as armas
Porque a conquista é breve
E o que ganha logo não serve:
Semente boa sobre o aço
Um remendo de fumaça.
Xaxado do queixo
Não me queixo, mas faço questão
Em um questionamento contínuo
De saber da fome, a composição.
Para queijo, basta a faca e a mão
Em rebolar de queixo
Mas se beijo é mais complexo
Só completa com um par
Com o qual eu me derreto...
Será que eu chamo o seu queixo prá dançar?
Tem gente que de tanta fome de beijo, come queijo sem parar.
Outras batem o queijo e fazem quiche de desejo.
(mas isso só faz quem sabe cozinhar)
Eu confesso. Só digo poemas para botar o queixo para xaxar.
Mas não gosto da batida de quem trinca o maxilar:
não beija, não queixa, não fala
faz que não tem fome
vive como quem dorme
e ri como quem morde!
Anda por aí com um quê de tanto faz
E nem pergunta o porquê do querer
Da fome, do desejo e tudo o mais.
Se queijo ou não beijo,
Eis a canção. Não canto. Mas faço questão.
Em um questionamento contínuo
De saber da fome, a composição.
Para queijo, basta a faca e a mão
Em rebolar de queixo
Mas se beijo é mais complexo
Só completa com um par
Com o qual eu me derreto...
Será que eu chamo o seu queixo prá dançar?
Tem gente que de tanta fome de beijo, come queijo sem parar.
Outras batem o queijo e fazem quiche de desejo.
(mas isso só faz quem sabe cozinhar)
Eu confesso. Só digo poemas para botar o queixo para xaxar.
Mas não gosto da batida de quem trinca o maxilar:
não beija, não queixa, não fala
faz que não tem fome
vive como quem dorme
e ri como quem morde!
Anda por aí com um quê de tanto faz
E nem pergunta o porquê do querer
Da fome, do desejo e tudo o mais.
Se queijo ou não beijo,
Eis a canção. Não canto. Mas faço questão.
domingo, 26 de setembro de 2010
Não conecte-me, RAPTE-ME!
Os contatos virtuais tem tentáculos tentadores que te fazem viajar num espaço internáutico sem corpo. Pelo tec tec do teclado, você quica sentado, atravessa o telhado, e cutuca o vizinho (que pode até estar pelado) do outro lado do planeta.
Os homens de marte as mulheres de veneta se encontram na tela. Mas tal contato não é estéril ou higiênico tal qual álcool gel ou vegetal hidropônico. Está enganado o nerd nórdico que acha que pode dar clic no orkut da mulata sem confusão. Alto lá meu irmão, USB que mamãe beijou vagabundo nenhum mete a conexão!
Essa web vibe internautica contemporânea é tão instantânea que parece até que achou o pen-drive no lixo. Nunca vi coisa igual. Esse SPAN- sexual! Então o lance é acelerar na velocidade do creu:
“O meu pen-drive é preparado ele já vem escaneado”
Como se não bastassem as doenças venéreas tradicionais às quais tivemos que nos acostumar na prática do embrulho do bilau, ainda inventam os vírus virtuais! Qual o próximo passo? Um aplicativo camisa de vênus para penetrar o pen-drive com segurança? Desculpem mas essa internet me cansa!
Podem me chamar de desatualizada. Mas dos contatos virtuais eu prefiro o digital. Minhas digitais nas suas digitais! A analógica é simples: damos as mãos e fazemos a conexão.
Então fecha o teu face-book e vem me dar um cheiro. Joga o lap-top no lixo. Esvazia a mesa da sala que quero em cima dela, cara a cara. Que se quebre... Mas que seja ao meu lado.
Se liga internauta, não conecte-me, RAPTE-ME!
Os homens de marte as mulheres de veneta se encontram na tela. Mas tal contato não é estéril ou higiênico tal qual álcool gel ou vegetal hidropônico. Está enganado o nerd nórdico que acha que pode dar clic no orkut da mulata sem confusão. Alto lá meu irmão, USB que mamãe beijou vagabundo nenhum mete a conexão!
Essa web vibe internautica contemporânea é tão instantânea que parece até que achou o pen-drive no lixo. Nunca vi coisa igual. Esse SPAN- sexual! Então o lance é acelerar na velocidade do creu:
“O meu pen-drive é preparado ele já vem escaneado”
Como se não bastassem as doenças venéreas tradicionais às quais tivemos que nos acostumar na prática do embrulho do bilau, ainda inventam os vírus virtuais! Qual o próximo passo? Um aplicativo camisa de vênus para penetrar o pen-drive com segurança? Desculpem mas essa internet me cansa!
Podem me chamar de desatualizada. Mas dos contatos virtuais eu prefiro o digital. Minhas digitais nas suas digitais! A analógica é simples: damos as mãos e fazemos a conexão.
Então fecha o teu face-book e vem me dar um cheiro. Joga o lap-top no lixo. Esvazia a mesa da sala que quero em cima dela, cara a cara. Que se quebre... Mas que seja ao meu lado.
Se liga internauta, não conecte-me, RAPTE-ME!
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Poeta Galinha
O poeta bota ovo na palavra
Empina o alvo no palco
Ajeita o frágil, instável
Ensaia o vôo, gagueja
No cai cai o poeta cacareja!
Casa a casca
Funde a máscara
Que a coisa flui
Não gemo contido à carcaça
Eu gesto, movido ao desejo
de vê-lo alto, pleno
Crescido de pé ao palco
Inteiro exposto
À vaia, que seja.
Mas vaia uma ova!
Desejo ser ovacionado
Que venham aplausos e sorrisos
Palmas quentes em convite a Dionísio:
Aceite!
Se vinho ou tomate no palco
Que o meu rubor não seja indiferente
Que o calor se sinta até mesmo do assento
Que te acolha, te envolva e te choque
Ora veja!
O poeta é a galinha da palavra
Pois que cacareje, no choco
Que o ovo é vivo não é oco
O palco é ninho
Aninhado ao verso
O que vem ovo é o começo
Do poeta que se cria
Na palavra poesia.
Empina o alvo no palco
Ajeita o frágil, instável
Ensaia o vôo, gagueja
No cai cai o poeta cacareja!
Casa a casca
Funde a máscara
Que a coisa flui
Não gemo contido à carcaça
Eu gesto, movido ao desejo
de vê-lo alto, pleno
Crescido de pé ao palco
Inteiro exposto
À vaia, que seja.
Mas vaia uma ova!
Desejo ser ovacionado
Que venham aplausos e sorrisos
Palmas quentes em convite a Dionísio:
Aceite!
Se vinho ou tomate no palco
Que o meu rubor não seja indiferente
Que o calor se sinta até mesmo do assento
Que te acolha, te envolva e te choque
Ora veja!
O poeta é a galinha da palavra
Pois que cacareje, no choco
Que o ovo é vivo não é oco
O palco é ninho
Aninhado ao verso
O que vem ovo é o começo
Do poeta que se cria
Na palavra poesia.
sábado, 4 de setembro de 2010
Amor de Pedra
Esse poema é uma tradução/invenção do poema Amor Cristão, de Marcelino Freire.
http://www.cronopios.com.br/site/lancamentos.asp?id=3441
Amor é o tapa na cara que eu levei do meu pai. Se fosse em outra data, era expulsa de casa. Em outro lugar do mapa, apedrejada. Amor à mulher do Irã, de sentença negociada. Agora ela vai ser enforcada. Melhorou? Amor é a surra que levou a doméstica a caminho da labuta. Pensaram que era puta. Tá explicado?
Amor lipoaspiração. Tatuagem de coração. Faz piercing no mamilo para dizer que ama. Amor inflama. Da bruxa é a chama, na fogueira da inquisição. Amor mutilador. Pergunta pra moça do Oriente! É costume dessa gente, para evitar a do dor. Poupa o povo do perigo, de desabrochar a flor.
Amor gigante. Do tamanho do Maracanã. Mil bocas juntas gritando amor. E chute a gol na torcida inimiga. Campo vazio de dentes. Sangue cobrindo a gengiva. Amor é a melhor coisa da vida. É o crack do pivete que não tem nada. Fissura. Para amor, não há cura. Nem remédio. O amor é cego. Atropela. E é também um acidente. Passou por cima do garoto do skate.
Amor não cabe em acordo ou contrato. Completa falta de opção. Não espera nada em troca. Não respeita pacto. Faz despacho. Fica puto. Dá prejuízo. Amor não descansa em paz, isso é a morte. Amor não sossega com pensão. Para amor não há compensação. Não descupa, nem perdão.
Amor de Pedra. Quem bate sangra. Quem atira também ama. Amor melhor abrir a mão. Só só amor que entrega, multiplica o pão.
http://www.cronopios.com.br/site/lancamentos.asp?id=3441
Amor é o tapa na cara que eu levei do meu pai. Se fosse em outra data, era expulsa de casa. Em outro lugar do mapa, apedrejada. Amor à mulher do Irã, de sentença negociada. Agora ela vai ser enforcada. Melhorou? Amor é a surra que levou a doméstica a caminho da labuta. Pensaram que era puta. Tá explicado?
Amor lipoaspiração. Tatuagem de coração. Faz piercing no mamilo para dizer que ama. Amor inflama. Da bruxa é a chama, na fogueira da inquisição. Amor mutilador. Pergunta pra moça do Oriente! É costume dessa gente, para evitar a do dor. Poupa o povo do perigo, de desabrochar a flor.
Amor gigante. Do tamanho do Maracanã. Mil bocas juntas gritando amor. E chute a gol na torcida inimiga. Campo vazio de dentes. Sangue cobrindo a gengiva. Amor é a melhor coisa da vida. É o crack do pivete que não tem nada. Fissura. Para amor, não há cura. Nem remédio. O amor é cego. Atropela. E é também um acidente. Passou por cima do garoto do skate.
Amor não cabe em acordo ou contrato. Completa falta de opção. Não espera nada em troca. Não respeita pacto. Faz despacho. Fica puto. Dá prejuízo. Amor não descansa em paz, isso é a morte. Amor não sossega com pensão. Para amor não há compensação. Não descupa, nem perdão.
Amor de Pedra. Quem bate sangra. Quem atira também ama. Amor melhor abrir a mão. Só só amor que entrega, multiplica o pão.
domingo, 29 de agosto de 2010
Flores no cemitério
Setembro começou mais cedo
Nesse mês, morrem ainda mais flores
Na primavera prolifera-se o fim
E nascem algumas mulheres
Em setembro há festa
de moça morta
Flores
No cemitério.
Nesse mês, morrem ainda mais flores
Na primavera prolifera-se o fim
E nascem algumas mulheres
Em setembro há festa
de moça morta
Flores
No cemitério.
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
O estranho caso da vontade com o acaso
"Ai do acaso, se não ficar do meu lado" (P. Leminski)
Dona da vontade tinha tudo planejado,
em seu estilo alpinista,
queria conquistar o acaso na marra,
enlaçar o cara.
E na escalada da noite foi subindo uma vontade.
Essa vontade não para!
Cheia de marra foi com tanta sede ao topo,
que o tomou foi um tapa na cara e...
GOSTOU!
Por acaso, descobri: vontade na conquista, é sadomasoquista!
E ninguém segura essa danada! Vontade quando dá, é vontade de matar!
Mas a louca calculista não contenta,
quer contar com o acaso, toda hora!
- Ô vontade se manca, com o caso não se conta!
Acaso não se guarda, nem aguarda.
Por acaso se encontra, sem procurar.
Com a faca e sem o queijo.
Acaso tem gosto de beijo,
na boca!
Deixa vontade louca!
E quando junta a fome com a vontade de comer...
Não adianta, vontade tanta,
não satisfaz.
Insaciável, sempre que mais e mais e mais..
Mas acaso, nem cria caso.
Dizem que mora ao lado,
mas faz festa e não liga.
Acaso se esconde, não sei bem aonde.
E vontade que não é pouca, fica puta!
Se arruma veste roupa,
Fantasia com acaso
e diz que nem sem importa.
- Se acaso não lembra, nem ligo
Faço a festa e não convido!
Mas avisa o amigo,
que conta do agito, por acaso
e traz um camarada,
que sempre arruma briga,
quando lhe derramam cerveja.
- Veja, o barraco.
Tá tudo quebrado.
Inteiro sobrou só um caco,
de acaso, que partiu...
Sem nem dizer tchau!
E vontade contrariada
Se descontrola perde a cabeça:
- Acaso coisa nenhuma!
Horas de espera para nada!
Nada acontece por acaso
Tudo depende da vontade
É que acaso não complica com expectativa.
Por isso é tão gostoso!
Acaso se alimenta de tudo aquilo que não tenta
Dizem até que é um caso perdido
Quando você procura não acha
- Ah... vontade, relaxa! Que acaso, acontece.
E como quem não quer nada
Ela abre a porta de casa
E diz que de acaso não se corre atrás.
- Faço eu o que me dá vontade,
Se pra ele tanto faz.
Acaso se quiser, pode entrar
Eu estou pronta, não precisa nem bater!
No entanto, vontade que não é santa,
e que não adianta, não deixa de querer...
Vai dar em outro canto.
Porque sabe, que acaso, sempre vai acontecer.
domingo, 1 de agosto de 2010
Pelas barbas do poema, não faça!
A chuva lava a mata
e arrasa os declives
quando não há raízes.
O chuveiro lava a cara
e me leva do teu cheiro
quando se desmata a barba.
Que idéia de navalha
me privar da seiva
e do roçar na nuca
desse meu poema!
A tudo que teu aroma traz, me ato
atento misto de pele e raízes
me fio a teu cabelo
algodão do travesseiro
Essas coisas cabeludas
que me desabrocham os sentidos
desertificam quando devastas
a tua face. Não faça!
e arrasa os declives
quando não há raízes.
O chuveiro lava a cara
e me leva do teu cheiro
quando se desmata a barba.
Que idéia de navalha
me privar da seiva
e do roçar na nuca
desse meu poema!
A tudo que teu aroma traz, me ato
atento misto de pele e raízes
me fio a teu cabelo
algodão do travesseiro
Essas coisas cabeludas
que me desabrocham os sentidos
desertificam quando devastas
a tua face. Não faça!
Apoena
- poema coletivo, em movimento, calçada, tropeços, percalços, cachaça
Ajuntamento
tropeça na calçada
em movimento
consequência do tempo
passado atrás
tanto faz
que o junco sem pena
anterior à escrita
se passa poema
em multidão
a perna
veículo torto
pisa com o pé esquerdo
explica
Ajuntamento
tropeça na calçada
em movimento
consequência do tempo
passado atrás
tanto faz
que o junco sem pena
anterior à escrita
se passa poema
em multidão
a perna
veículo torto
pisa com o pé esquerdo
explica
segunda-feira, 5 de julho de 2010
Convite de sorvete
Brincar com os sentidos
da cor e do verbo
do ver e do verso
É meu quem versa comigo.
Amigo não joga
Conversa fora
Só fia a lado
o que há dentro
De tempo a tempo
Sorver a vida
só vir e ver
abrindo-se
Não trava a língua!
Fruir o sendo
Limar o senso
Cindir a senda
do si.
Doce viver a sorte
o ver de que dissolve
convite de sorvete!
da cor e do verbo
do ver e do verso
É meu quem versa comigo.
Amigo não joga
Conversa fora
Só fia a lado
o que há dentro
De tempo a tempo
Sorver a vida
só vir e ver
abrindo-se
Não trava a língua!
Fruir o sendo
Limar o senso
Cindir a senda
do si.
Doce viver a sorte
o ver de que dissolve
convite de sorvete!
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Falar de mulher
Aos ratos!
Epígrafe:
http://www.youtube.com/watch?v=YiVzLyDL3Xs
Uma rosa é uma rosa é uma rosa.
Uma mulher é uma mulher é uma mulher.
Mas melhor que uma mulher
Só dez mulher
Só dez mulher
Melhor que dez mulher
Só mil mulher
Só mil mulher
Mulher, mulher, mulher
Mulher, mulher, mulher
Mulher, mulher, mulher
Mulher, mulher, mulher
Mulher, mulher, mulher
Falar de mulher
Mas que mulher é essa?
Mulher melancia,
Mulher jaca,
Mulher melão?
Mulher manga!
hummm... gostosa.
Já me disseram na rua.
“Se fosse uma manga eu descascava e chupava todinha.”
E ficava o bagaço. Largado no chão.
Eu bagaço. Um caroço enorme.
Ninguém vai engolir...
E os fiapos.
Eu sou o fiapo que fica no dente.
A coisa melada que gruda nos dedos.
Eu sou...
Doce, como manga.
É que vocês não me conhecem, mas eu como a maior parte das mulheres do anos 20.000, trabalho. Tenho que carregar peso igual aos homens, bolsa de supermercado e abrir tampa de produtos conservados. Aqueles sabe? De palmito, de extrato de tomate... Ou pelo menos gosto que me deixem tentar... O fato é que, de manhã quando eu tenho que acordar cedo, pode ser que meu humor esteja bem azedo. E se no caminho topo com um engraçadinho que me confundiu com uma manga, lanço logo um comentário bem ácido. E nesse calor, quando volto prá casa já suada, pode ter certeza que eu vou estar salgada. Mas se me deparo com um bom amante... Pode crer que meu sabor vai ser picante! E se por algum motivo me larga... de certo que me deixa bem amarga.
Mas essa mulher que é só açúcar no mel
Que parece que caiu do céu
A mulher da poesia, que sempre rima
No salto alto tá sempre pro cima
No Outdoor ou na revista...
Atriz, modelo ou bailarina...
Mulher moderna que malha, trabalha, cuida dos filhos, sabe fazer creme broulé e ainda conhece três técnicas diferentes de sexo oral prá enloquecer o marido depois das bodas de prata.
Essa mulher não tá mapa!
Mas eu sei que ela tá aí.
Nessa tal subjetividade...
E nos persegue e é buscada.
É a tal mulher idealizada.
É dessa mulher que tanto falam.
E como fala essa mulher!
Sempre a nos dizer como devemos ser.
A fala dela cala nossa voz.
E freqüentemente ela fala de amor.
Como dizer eu te amo para a mulher do contemporâneo?
Amor ainda é o nosso ponto fraco.
Aí você dizer que me ama.
Que eu sou doce, açúcar no mel coisa e tal...
Eu vou gostar, vou apaixonar, vai dar romance, poesia...
E logo logo, você vai ver que eu não sou só essa doçura toda.
Vou implicar com os teus vício, vou dizer que vc não pensa no futuro, não junta dinheiro, e que se continuar desse jeito vai ficar brocha aos quarenta. Aí você vai ver que eu penso em casamento. E penso. E você vai dizer que Amélia que era mulher de verdade. E eu vou achar que errei. Mas isso faz parte de ser mulher. Pensar em quem vai ser o pai dos filhos que se pretende ter ou resolver sustentar a decisão de não tê-los. Uma puta responsabilidade!!! Dá até vontade de mandar a tudo prá puta que pariu e virar cachorra. Sair latindo a vontade!
Sabe como é:
“Sou cachorra sou gatinha não adiante se esquivar
Eu vou soltar a minha fera eu boto o bicho prá pegar!“
Ou então outro bichos,
“Vou pro baile sem calcinha
Agora eu sou piranha e ninguém vai me segurar
Daquele jeito!”
Mais isso é um absurdo, uma vegonha! Uma completa degradação do gênero feminino. Afinal de contas todo mundo sabe que a natureza feminina é o amor, que mulher tem drama na veias e que toda mulher deseja mesmo que inconscientemente se casar - diz a dama-moral-intelectual-contemporânea - que adora falar mal de uma puta-pobre-burra para se diferenciar.
E não é isso que rica fauna do funk carioca?
Sai a “princesinha” entra a cachorra da periferia.
Uma forma me contrariar...
Entre o pudor e a pornografia
Entre o romance e a putaria.
"Se quer romance compra um livro
Ou entao vai no cinema
O negócio é putaria
Sexo resolve problema
Se tu quer comprar um livro
Então vê se me escuta:
Melhor livro de romance
Pra mim é o Kama-Sutra
Príncipe encantado
Já é coisa do passado
Se o jantar é à luz de velas
O meu prato é frango assado"
Porque vocês sabem né?
Tá todo mundo preparado para um homem aproveitador, lobo mau e don Juan... Tá cheio por aí. Mas prá pras preparadas nunca se está preparado! E quanta mulher por aí já não teve o homem que quis só porque ele se sentiu na obrigação de comer? Vai dizer que não quer? Não vai dizer.
O fato é que a liberdade da mulher é também a liberdade do homem de ter que ser “o Homem” para aquela “Mulher”.
Então nem feminista, nem cachorra, nem dama, nem macho, nem nada.
Contrariar sim, mas sem contrários
O contrário do contrário é a mesma porcaria.
E no final das contas saber que:
Uma mulher é uma mulher é uma mulher
Uma mulher não é uma manga
Uma mulher não é um peito
A mulher não é o leite
Ainda que doce deleite
A moça no seu leito
Quer dar, não só o peito
Mas tudo que tem direito
Repito:
A mulher não é o peito
Respeito!
Para amar mulher de hoje em dia ainda tem jeito
É querer ela toda, e não precisa nem falar (eu te amo, nada disso)
Bastar ser para ela mais que homem com “H”,
É que homem, a gente sabe, também tem peito para dar!
E haja peito!
Epígrafe:
http://www.youtube.com/watch?v=YiVzLyDL3Xs
Uma rosa é uma rosa é uma rosa.
Uma mulher é uma mulher é uma mulher.
Mas melhor que uma mulher
Só dez mulher
Só dez mulher
Melhor que dez mulher
Só mil mulher
Só mil mulher
Mulher, mulher, mulher
Mulher, mulher, mulher
Mulher, mulher, mulher
Mulher, mulher, mulher
Mulher, mulher, mulher
Falar de mulher
Mas que mulher é essa?
Mulher melancia,
Mulher jaca,
Mulher melão?
Mulher manga!
hummm... gostosa.
Já me disseram na rua.
“Se fosse uma manga eu descascava e chupava todinha.”
E ficava o bagaço. Largado no chão.
Eu bagaço. Um caroço enorme.
Ninguém vai engolir...
E os fiapos.
Eu sou o fiapo que fica no dente.
A coisa melada que gruda nos dedos.
Eu sou...
Doce, como manga.
É que vocês não me conhecem, mas eu como a maior parte das mulheres do anos 20.000, trabalho. Tenho que carregar peso igual aos homens, bolsa de supermercado e abrir tampa de produtos conservados. Aqueles sabe? De palmito, de extrato de tomate... Ou pelo menos gosto que me deixem tentar... O fato é que, de manhã quando eu tenho que acordar cedo, pode ser que meu humor esteja bem azedo. E se no caminho topo com um engraçadinho que me confundiu com uma manga, lanço logo um comentário bem ácido. E nesse calor, quando volto prá casa já suada, pode ter certeza que eu vou estar salgada. Mas se me deparo com um bom amante... Pode crer que meu sabor vai ser picante! E se por algum motivo me larga... de certo que me deixa bem amarga.
Mas essa mulher que é só açúcar no mel
Que parece que caiu do céu
A mulher da poesia, que sempre rima
No salto alto tá sempre pro cima
No Outdoor ou na revista...
Atriz, modelo ou bailarina...
Mulher moderna que malha, trabalha, cuida dos filhos, sabe fazer creme broulé e ainda conhece três técnicas diferentes de sexo oral prá enloquecer o marido depois das bodas de prata.
Essa mulher não tá mapa!
Mas eu sei que ela tá aí.
Nessa tal subjetividade...
E nos persegue e é buscada.
É a tal mulher idealizada.
É dessa mulher que tanto falam.
E como fala essa mulher!
Sempre a nos dizer como devemos ser.
A fala dela cala nossa voz.
E freqüentemente ela fala de amor.
Como dizer eu te amo para a mulher do contemporâneo?
Amor ainda é o nosso ponto fraco.
Aí você dizer que me ama.
Que eu sou doce, açúcar no mel coisa e tal...
Eu vou gostar, vou apaixonar, vai dar romance, poesia...
E logo logo, você vai ver que eu não sou só essa doçura toda.
Vou implicar com os teus vício, vou dizer que vc não pensa no futuro, não junta dinheiro, e que se continuar desse jeito vai ficar brocha aos quarenta. Aí você vai ver que eu penso em casamento. E penso. E você vai dizer que Amélia que era mulher de verdade. E eu vou achar que errei. Mas isso faz parte de ser mulher. Pensar em quem vai ser o pai dos filhos que se pretende ter ou resolver sustentar a decisão de não tê-los. Uma puta responsabilidade!!! Dá até vontade de mandar a tudo prá puta que pariu e virar cachorra. Sair latindo a vontade!
Sabe como é:
“Sou cachorra sou gatinha não adiante se esquivar
Eu vou soltar a minha fera eu boto o bicho prá pegar!“
Ou então outro bichos,
“Vou pro baile sem calcinha
Agora eu sou piranha e ninguém vai me segurar
Daquele jeito!”
Mais isso é um absurdo, uma vegonha! Uma completa degradação do gênero feminino. Afinal de contas todo mundo sabe que a natureza feminina é o amor, que mulher tem drama na veias e que toda mulher deseja mesmo que inconscientemente se casar - diz a dama-moral-intelectual-contemporânea - que adora falar mal de uma puta-pobre-burra para se diferenciar.
E não é isso que rica fauna do funk carioca?
Sai a “princesinha” entra a cachorra da periferia.
Uma forma me contrariar...
Entre o pudor e a pornografia
Entre o romance e a putaria.
"Se quer romance compra um livro
Ou entao vai no cinema
O negócio é putaria
Sexo resolve problema
Se tu quer comprar um livro
Então vê se me escuta:
Melhor livro de romance
Pra mim é o Kama-Sutra
Príncipe encantado
Já é coisa do passado
Se o jantar é à luz de velas
O meu prato é frango assado"
Porque vocês sabem né?
Tá todo mundo preparado para um homem aproveitador, lobo mau e don Juan... Tá cheio por aí. Mas prá pras preparadas nunca se está preparado! E quanta mulher por aí já não teve o homem que quis só porque ele se sentiu na obrigação de comer? Vai dizer que não quer? Não vai dizer.
O fato é que a liberdade da mulher é também a liberdade do homem de ter que ser “o Homem” para aquela “Mulher”.
Então nem feminista, nem cachorra, nem dama, nem macho, nem nada.
Contrariar sim, mas sem contrários
O contrário do contrário é a mesma porcaria.
E no final das contas saber que:
Uma mulher é uma mulher é uma mulher
Uma mulher não é uma manga
Uma mulher não é um peito
A mulher não é o leite
Ainda que doce deleite
A moça no seu leito
Quer dar, não só o peito
Mas tudo que tem direito
Repito:
A mulher não é o peito
Respeito!
Para amar mulher de hoje em dia ainda tem jeito
É querer ela toda, e não precisa nem falar (eu te amo, nada disso)
Bastar ser para ela mais que homem com “H”,
É que homem, a gente sabe, também tem peito para dar!
E haja peito!
Lá vai a Traça
Aos amigos livreiros!
Lá vai a traça
Que devora e acha graça
Não vem com o teu laço
Que ela te traça com o teu traço
Lá vai a traça
Da filosofia fez fumaça
Até Platão já foi vítima da traça
Que a risca e abraça
É travessa noite e dia
Ela trança e faz piada
Do saber da academia
E também a boemia
Que traça a até o caroço
E nessa transa não tem fossa
A quem interessar possa
Lá vai a traça
A fazer troça
No meio da praça
No meio da rua
Pra toda gente que tem raça
E não tem preço
Pode vir que é de graça
Que traça a traça
A você e a toda massa
Que passa na fumaça
Traçada pela traça
Lá vai a traça
Que devora e acha graça
Não vem com o teu laço
Que ela te traça com o teu traço
Lá vai a traça
Da filosofia fez fumaça
Até Platão já foi vítima da traça
Que a risca e abraça
É travessa noite e dia
Ela trança e faz piada
Do saber da academia
E também a boemia
Que traça a até o caroço
E nessa transa não tem fossa
A quem interessar possa
Lá vai a traça
A fazer troça
No meio da praça
No meio da rua
Pra toda gente que tem raça
E não tem preço
Pode vir que é de graça
Que traça a traça
A você e a toda massa
Que passa na fumaça
Traçada pela traça
sábado, 29 de maio de 2010
Relógio
Tic tac tic tac
(sinal de sonho só)
Eu tenho um relógio no peito
que não desperta
da vida lânguida
Dá tempo de tomar um chá
ou um cogumelo amarelo?
- não dá
Correr atrás do tempo
Relógio de lógica
pressa de amar
e coisa prá fazer
- nem tudo é maravilha
relógio que corre
o alvo do coelho
brancura do cabelo
Alice sem hora
vai virar senhora
bem depois de agora
progressão aritimética
o que vai ser quando crescer?
dou lhe uma
dou lhe duas
dou lhe 23!
Dou a volta na hora
E corda prá poesia
acordada demora
o país das maravilhas
não desperta do sonho lento
sonolenta alice
corre atrás do tempo
a perder de vista
o sonho sem fim
a vida sonha de mim
que seria
que seria...
tic tac tic tac
Volta Alice!
(para o mundo da gente)
domingo, 23 de maio de 2010
Poesia pichação
Big brother. Blog. Escova progressiva. Orkut. Auto-ajuda. Filhos. Dieta. Facebook. Desejo de ser reconhecido. Piercing colorido. Casamento. Cirurgia plástica. Tatuagem. Zoar o coleguinha. Pegar geral. Mestrado. Drogas. Religião. Doutorado. O grupo. Palco. Maquiagem. Instrumento musical. Escrever um livro. Promoção. Perfume importado.
Ser visto. Servir. Ser quisto. Ser seguido.
Twiteeeeeeer!
Há de se envergonhar de tudo isso?
Que sim... Mas vergonha, essa é luxo de incluídos.
A moça pensa: todo mundo diz que eu tenho sorte de ser bonita, rica e inteligente. Eu queria ser feia, pobre e burra para que gostassem de mim só por eu ser gente. Que não olhassem para mim pelo meu valor de uso. Por isso a navalha.
Poesia cicatriz. Aos cortes na pele.
//
Que me batam na cara. Que aí saibam que eu existo. Ser visto. Reconhecido. Ter valor. Se é assim serei mau. Vou escrever meu nome na cidade. Essa cidade é minha. Serei seu rei. ESCREVE-REI meu nome no concreto da cidade com uma letra só minha todos saberão que eu tenho valor. Escreverei no mais alto do alto edifício.
Poesia pichação. Só que não tão alto.
_________________________________________________________
- A moça do texto é uma referencia a “A mulher mais linda da cidade” do Bukowski. Que é um conto visceral!
- Botaram aqueles tapa favela na linha vermelha. Ainda bem que já picharam.
Ser visto. Servir. Ser quisto. Ser seguido.
Twiteeeeeeer!
Há de se envergonhar de tudo isso?
Que sim... Mas vergonha, essa é luxo de incluídos.
A moça pensa: todo mundo diz que eu tenho sorte de ser bonita, rica e inteligente. Eu queria ser feia, pobre e burra para que gostassem de mim só por eu ser gente. Que não olhassem para mim pelo meu valor de uso. Por isso a navalha.
Poesia cicatriz. Aos cortes na pele.
//
Que me batam na cara. Que aí saibam que eu existo. Ser visto. Reconhecido. Ter valor. Se é assim serei mau. Vou escrever meu nome na cidade. Essa cidade é minha. Serei seu rei. ESCREVE-REI meu nome no concreto da cidade com uma letra só minha todos saberão que eu tenho valor. Escreverei no mais alto do alto edifício.
Poesia pichação. Só que não tão alto.
_________________________________________________________
- A moça do texto é uma referencia a “A mulher mais linda da cidade” do Bukowski. Que é um conto visceral!
- Botaram aqueles tapa favela na linha vermelha. Ainda bem que já picharam.
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Confluxo
Que não se pesca
Nem se dissolve
Nada comigo
Fora da rede
Que movimenta o mundo
Meneio do mar todo segundo
Uma estrela se move
Algo se ouriça
Desperta um peixe
O mar se agita
Um cardume pega corrente
Mergulhão caça
Assim se cria uma onda no mar
Do impossível se faz o movimento
Em cadência
Pesca que me resta
Nado sincronizado
Que me fixo
No fio transparente de querer negociado
Querido, por um fio
Que me fio, arrematado
E te laço, apertado!
Fio de mel
Fio da navalha
Fica o movimento
No fluxo
Não há como pegar
Não se pesca
O que se perde no mar
Se sente em corrente
E lava, consistência
E leva, na paciência
O que teço agora
Arraia peixe alado
Nado a lado.
Não arreio. Rendo.
Rindo...
Me leva, vôo!
Se onda lá, noutra hora
Se há que perder prá se nadar
O que se ganha aqui perde um peixe no mar
Nem se dissolve
Nada comigo
Fora da rede
Que movimenta o mundo
Meneio do mar todo segundo
Uma estrela se move
Algo se ouriça
Desperta um peixe
O mar se agita
Um cardume pega corrente
Mergulhão caça
Assim se cria uma onda no mar
Do impossível se faz o movimento
Em cadência
Pesca que me resta
Nado sincronizado
Que me fixo
No fio transparente de querer negociado
Querido, por um fio
Que me fio, arrematado
E te laço, apertado!
Fio de mel
Fio da navalha
Fica o movimento
No fluxo
Não há como pegar
Não se pesca
O que se perde no mar
Se sente em corrente
E lava, consistência
E leva, na paciência
O que teço agora
Arraia peixe alado
Nado a lado.
Não arreio. Rendo.
Rindo...
Me leva, vôo!
Se onda lá, noutra hora
Se há que perder prá se nadar
O que se ganha aqui perde um peixe no mar
A linha da laje
_________________________________________________________
A moça que lava a roupa ao meio dia na laje é vista da linha vermelha pela outra que passa a caminho do trabalho e pensa: que seria eu se lavasse roupa na laje este momento? Que a moça da laje vale pouco porque lava roupa? Que boa é a outra que não lava? Que laje, que outra, que roupa? Nem sei se não sou eu a moça da laje que lava e passa, enquanto passo. Que não seria feliz se lavasse roupa na laje e fosse vista da linha vermelha por uma moça que vai ao trabalho de roupa?
Vão dizer que não seria feliz.
Que não sei o que é a vida. Não sei.
Mas seria outra. Ao meio dia.
_________________________________________________________
Quem é que vai cruzar a linha vermelha que separa as moças?
Nessa era de conectividade rede de relações virtuais eu tenho 325 amigos no Orkut mas ainda não inventaram a tecnologia de me ligar com o que vejo da janela do 485.
_________________________________________________________
Nada me faz chegar na moça, que sou eu, em outras roupas.
Linha comparativa que diz do que está abaixo e o que está acima. Da linha, da pobreza. Quem vai saber da felicidade de quê. E me fazer cruzar acontramão da linha vermelha da estratificação?
_________________________________________________________
Que linha de razão lógica e sensata me leva a temer uma criança mulata?
Que poderia ser meu filho, e é, por outro lado da linha. Do outro lado do assento... Tento. Minto. Medo. Qualquer hora vou ter um filho meu e deixar de me preocupar com o filho dos outros. Do outro que sou eu, ainda que não seja meu. Nessa hora. Serei outra.
_________________________________________________________
Quisera eu me meter em cada luz acesa de cada casa que vejo do alto. Pelo fio de alta tensão. Fruir. Me aninhar pelo gato. Em cada casa. Ainda mais das apagadas! Quem poderia traçar a consistência do vazio que separa aspirações irmãs? De tudo que vejo... E mais que ver, muito mais... Abolir a linha. Linha de fuga! Quisera eu sentir cada hálito de sonho da noite. Ninando. Cafungar o perfume da cada nuca de casa e da rua. E nunca dizer bom ou mal de um cheiro. Um cheirinho não faz mal. Aroma não tem moral. Se eu pudesse a mistura, de todos os cheiros de nuca de todos os cheiros de sempre. Ah se eu pudesse... Poesia!
_________________________________________________________
A moça que lava a roupa ao meio dia na laje é vista da linha vermelha pela outra que passa a caminho do trabalho e pensa: que seria eu se lavasse roupa na laje este momento? Que a moça da laje vale pouco porque lava roupa? Que boa é a outra que não lava? Que laje, que outra, que roupa? Nem sei se não sou eu a moça da laje que lava e passa, enquanto passo. Que não seria feliz se lavasse roupa na laje e fosse vista da linha vermelha por uma moça que vai ao trabalho de roupa?
Vão dizer que não seria feliz.
Que não sei o que é a vida. Não sei.
Mas seria outra. Ao meio dia.
_________________________________________________________
Quem é que vai cruzar a linha vermelha que separa as moças?
Nessa era de conectividade rede de relações virtuais eu tenho 325 amigos no Orkut mas ainda não inventaram a tecnologia de me ligar com o que vejo da janela do 485.
_________________________________________________________
Nada me faz chegar na moça, que sou eu, em outras roupas.
Linha comparativa que diz do que está abaixo e o que está acima. Da linha, da pobreza. Quem vai saber da felicidade de quê. E me fazer cruzar acontramão da linha vermelha da estratificação?
_________________________________________________________
Que linha de razão lógica e sensata me leva a temer uma criança mulata?
Que poderia ser meu filho, e é, por outro lado da linha. Do outro lado do assento... Tento. Minto. Medo. Qualquer hora vou ter um filho meu e deixar de me preocupar com o filho dos outros. Do outro que sou eu, ainda que não seja meu. Nessa hora. Serei outra.
_________________________________________________________
Quisera eu me meter em cada luz acesa de cada casa que vejo do alto. Pelo fio de alta tensão. Fruir. Me aninhar pelo gato. Em cada casa. Ainda mais das apagadas! Quem poderia traçar a consistência do vazio que separa aspirações irmãs? De tudo que vejo... E mais que ver, muito mais... Abolir a linha. Linha de fuga! Quisera eu sentir cada hálito de sonho da noite. Ninando. Cafungar o perfume da cada nuca de casa e da rua. E nunca dizer bom ou mal de um cheiro. Um cheirinho não faz mal. Aroma não tem moral. Se eu pudesse a mistura, de todos os cheiros de nuca de todos os cheiros de sempre. Ah se eu pudesse... Poesia!
_________________________________________________________
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Aos excessos: uma exceção
A vida sem a ressaca,
Não seria completa
- Como um tapa sem a mão.
Dou a outra face
Mas não abro mão
Aos excessos: o que abro é exceção
Pois não tenho no hálito
O hábito que me leve ao óbito
Contar despesa, ou caloria
coisa moral, da burguesia
Medo do frio, e da ressaca
Dormir de meia...
Para meter o pé na jaca!
Nada é proibido
E eu gosto de beber!
Não guardo garrafa
De comedido prazer
A ética etílica - obedeço
Profético recomeço
Que a ressaca é.
Ando com Dionísio
é o deus do meu juizo
Sua benção bebo e não escondo
Até o último gole vou, mas só de vez em quando.
Não seria completa
- Como um tapa sem a mão.
Dou a outra face
Mas não abro mão
Aos excessos: o que abro é exceção
Pois não tenho no hálito
O hábito que me leve ao óbito
Contar despesa, ou caloria
coisa moral, da burguesia
Medo do frio, e da ressaca
Dormir de meia...
Para meter o pé na jaca!
Nada é proibido
E eu gosto de beber!
Não guardo garrafa
De comedido prazer
A ética etílica - obedeço
Profético recomeço
Que a ressaca é.
Ando com Dionísio
é o deus do meu juizo
Sua benção bebo e não escondo
Até o último gole vou, mas só de vez em quando.
domingo, 9 de maio de 2010
É de aprender. Memória.
Que viagem...
Que história...
Prender um momento na memória?
E lembrar o que não muda?
Não se iluda!
Nada fica.
Tudo se reedita.
E assim se edifica. (Ou não)
Que me venha
O fim da festa
Que me resta
E abraça.
Soltar o ar.
E se abrir para o perder que o momento é.
Não é de se prender.
É de aprender:
Que me passe. Que expire.
Fruição que é sim ser são.
Ser-nos nós. Sós
e comuns (em comunidade).
Na voz, na vontade.
Que não sou eu, nem meu nem teu, nem vossa, nem tua.
É voz.
Que vai.
No ar.
Que sai.
Que história...
Prender um momento na memória?
E lembrar o que não muda?
Não se iluda!
Nada fica.
Tudo se reedita.
E assim se edifica. (Ou não)
Que me venha
O fim da festa
Que me resta
E abraça.
Soltar o ar.
E se abrir para o perder que o momento é.
Não é de se prender.
É de aprender:
Que me passe. Que expire.
Fruição que é sim ser são.
Ser-nos nós. Sós
e comuns (em comunidade).
Na voz, na vontade.
Que não sou eu, nem meu nem teu, nem vossa, nem tua.
É voz.
Que vai.
No ar.
Que sai.
Vontades nervosas
Vontades nervosas me percorrem o corpo
Furiosas e matreiras me atravessam com o ar
Oxigenam e ramificam ansiedades de ir e vir
Que se agitam. Imobilizam a atividade de pensar.
Vontades estéticas, nunca éticas, sempre cinéticas.
Irremediavelmente antitéticas.
Acrobatas diplomatas. Me rodopiam as idéias. Dão voltas nas contingências do meio, saltam muros de cotidiano, atravessam os obstáculos das circunstâncias e arraaaastam quereres leves em movimentos persuasivos.
Concorrentes se disputam. Se batem, se xingam, se chutam...
Vaidosas como deusas, a querer prevalecer.
E levar o corpo em desfile para rua, ou para de vontade que der.
Vontades sempre sabem de que.
E cada uma sabe de si, com a força que tem.
Tenho vontades que me levam para todos os cantos.
Algumas calo. Outras nem tanto. A vontade impedida...
Deixo que fique a vontade, que se contradiga, que se decida.
Das vontades, me explico, escolho as mais bonitas.
Que caia bem no canto que a poesia é.
Experientes e apressadas, umas quantas bem nutridas , trilham rumos já traçados.
Vontades podem ser repetitivas. E quando fortes e bem nutridas.
Esmagam de gordura as outras vontadinhas pequeninas - formigas trabalhadoras.
Vontades lombrigas!
Sempre competitivas.
A me percorrer em carreira.
E no fim, que é o agora, que é o aqui, vence a mais ligeira,
tanto que...
Cadê a vontade que estava aqui?
Passou....
___
Eu quero é que botar vontade no mundo.
Realizar
A cada segundo, propriedade.
De se desdobrar (Pena que não inventaram)
Para estar aqui, ao mesmo tempo lá.
Por essa ansiedade agradeço o que na vida se repete: forró, cinema, sarau. Toda sexta tem gente na la-pá encontrar. Pessoas que se repetem. A piada que rio mais da segunda vez. A mesma cantada de sempre. A música no seu ritmo, na cadência, no passo... Passa! Mas há de ser. Nova e diferente. Novidade. Novamente.
Furiosas e matreiras me atravessam com o ar
Oxigenam e ramificam ansiedades de ir e vir
Que se agitam. Imobilizam a atividade de pensar.
Vontades estéticas, nunca éticas, sempre cinéticas.
Irremediavelmente antitéticas.
Acrobatas diplomatas. Me rodopiam as idéias. Dão voltas nas contingências do meio, saltam muros de cotidiano, atravessam os obstáculos das circunstâncias e arraaaastam quereres leves em movimentos persuasivos.
Concorrentes se disputam. Se batem, se xingam, se chutam...
Vaidosas como deusas, a querer prevalecer.
E levar o corpo em desfile para rua, ou para de vontade que der.
Vontades sempre sabem de que.
E cada uma sabe de si, com a força que tem.
Tenho vontades que me levam para todos os cantos.
Algumas calo. Outras nem tanto. A vontade impedida...
Deixo que fique a vontade, que se contradiga, que se decida.
Das vontades, me explico, escolho as mais bonitas.
Que caia bem no canto que a poesia é.
Experientes e apressadas, umas quantas bem nutridas , trilham rumos já traçados.
Vontades podem ser repetitivas. E quando fortes e bem nutridas.
Esmagam de gordura as outras vontadinhas pequeninas - formigas trabalhadoras.
Vontades lombrigas!
Sempre competitivas.
A me percorrer em carreira.
E no fim, que é o agora, que é o aqui, vence a mais ligeira,
tanto que...
Cadê a vontade que estava aqui?
Passou....
___
Eu quero é que botar vontade no mundo.
Realizar
A cada segundo, propriedade.
De se desdobrar (Pena que não inventaram)
Para estar aqui, ao mesmo tempo lá.
Por essa ansiedade agradeço o que na vida se repete: forró, cinema, sarau. Toda sexta tem gente na la-pá encontrar. Pessoas que se repetem. A piada que rio mais da segunda vez. A mesma cantada de sempre. A música no seu ritmo, na cadência, no passo... Passa! Mas há de ser. Nova e diferente. Novidade. Novamente.
domingo, 2 de maio de 2010
A palavra muda
O que há de comércio no que há de conversa
O que há de negócio no que há de afeto
O que há de querer no que há de ofício
Misto de tudo na vida
Há de ser pesado
O peso e a medida
Pensado e re-pensando
Devidamente balanceado
Ser de libra
E o que isso significa?
Jamais me apegar a mim
E a esse palavrear
Pois o que pesa no fim
É a misteriosa força do mar
Que tem a palavra muda.
O que há de negócio no que há de afeto
O que há de querer no que há de ofício
Misto de tudo na vida
Há de ser pesado
O peso e a medida
Pensado e re-pensando
Devidamente balanceado
Ser de libra
E o que isso significa?
Jamais me apegar a mim
E a esse palavrear
Pois o que pesa no fim
É a misteriosa força do mar
Que tem a palavra muda.
Rasas rosas
Rosas venosas
Rosas nervosas
Rosas maliciosas
Rosas perigosas
Rosas ansiosas
Rosas todas prosas
Rosas teimosas
Rosas misteriosas
Rosas formosas
(Ah... que bobagem)
Um perfume vale mais que toda imagem.
Rosas nervosas
Rosas maliciosas
Rosas perigosas
Rosas ansiosas
Rosas todas prosas
Rosas teimosas
Rosas misteriosas
Rosas formosas
(Ah... que bobagem)
Um perfume vale mais que toda imagem.
domingo, 25 de abril de 2010
Saída rasteira, Ah pés!
Rapaz,
Eu bem que queria
Mas é que meus pés não topam a cantoria
Para eles é perigo de acordar
fora de hora e tropeçado
de pernas para o ar e no lugar errado.
Preocupados estão
Com o que há de concreto
Cada passo tapa do chão
A mais baixa hierarquia
O caminho de casa não desvia
"Vontade é coisa que dá e passa, sua sabedoria".
Dependente dos pés, passo
Por seu viés, cada percalço!
Não vê como se agitam?
Impacientes que quase gritam
Não gostam de esperar
É que esses pés carregam a responsabilidade
De me levar todo o dia. Pro trabalho, prá boemia...
Diferente de mim que adoro a imprevisão
Meus pés preferem a estabilidade
Carregam o peso de cada vontade
E vestem sandália fetiche do frio
Ah... se lhes contrario!
Batem firme no chão
E fazem sua prece:
De até tropeçar,
Mas ter sempre onde cair
O convite agradecem.
Tá de pé,
Vou num pé, mas volto noutro
Pro que der e vier.
Ah pés!
Juro de pé junto que lhes faço vontade
Fiés!
A pé o caminho é
Até...
Quem os esquente
Exigentes...
Não serve qualquer um
Experientes estão a par
Que sozinho não se vai para frente
Ou vão quicar até doer
Não é a toa que os atenta
Esse tal Saci Pererê
Mas dos meus pés o sonho é dança
Não pula pula de criança...
Rapaz eu bem queria...
Mas meus pés...
Ah pés...
Para com eles eu ficar bem
Ah de se lhes respeitar
É que meus pés já tem par...
E eu também!
Eu bem que queria
Mas é que meus pés não topam a cantoria
Para eles é perigo de acordar
fora de hora e tropeçado
de pernas para o ar e no lugar errado.
Preocupados estão
Com o que há de concreto
Cada passo tapa do chão
A mais baixa hierarquia
O caminho de casa não desvia
"Vontade é coisa que dá e passa, sua sabedoria".
Dependente dos pés, passo
Por seu viés, cada percalço!
Não vê como se agitam?
Impacientes que quase gritam
Não gostam de esperar
É que esses pés carregam a responsabilidade
De me levar todo o dia. Pro trabalho, prá boemia...
Diferente de mim que adoro a imprevisão
Meus pés preferem a estabilidade
Carregam o peso de cada vontade
E vestem sandália fetiche do frio
Ah... se lhes contrario!
Batem firme no chão
E fazem sua prece:
De até tropeçar,
Mas ter sempre onde cair
O convite agradecem.
Tá de pé,
Vou num pé, mas volto noutro
Pro que der e vier.
Ah pés!
Juro de pé junto que lhes faço vontade
Fiés!
A pé o caminho é
Até...
Quem os esquente
Exigentes...
Não serve qualquer um
Experientes estão a par
Que sozinho não se vai para frente
Ou vão quicar até doer
Não é a toa que os atenta
Esse tal Saci Pererê
Mas dos meus pés o sonho é dança
Não pula pula de criança...
Rapaz eu bem queria...
Mas meus pés...
Ah pés...
Para com eles eu ficar bem
Ah de se lhes respeitar
É que meus pés já tem par...
E eu também!
Pelo bordado de Penélope
Há quem creia na virtude
E caminhe sobre a lisa superfície da moral
Em percurso retilíneo
do fino trato social
Gente que crê no dinheiro ou no Diabo
E tropeça vez por outra na culpa do pecado
Vida em mundo pré-determinado
Caminhando de olho fechado
I – Por um lado
Há quem, por um lado
Note que o caminho é vidro fino
Sobre a vasta superfície da água
O mergulho é uma loucura
Cair em si a vida em fluxo
Extravasando a estrutura
Há de se desesperar
De descaminho
E buscar da água o vinho
Um lugar pra se agarrar
Veneno que assegure
alguma fruição
Ética etílica
De frágil definição
Uma gota molhada na razão do mapa
E retorno certo pelo empuxo da ressaca
(De cara com o vidro
careta no chão)
Escolher sem pejo
a substância do desejo
O luxo de fluir
para certa direção
Caminho de si à si
Cujo fim
é o início
Fissura de vidro
pelo vício
A saber de antemão
O destino que me ( a) cabe
E me deságüe.
II – Pelo contrário
Há quem, pelo contrário
Mergulhe de cabeça
E o caminho esqueça
Pela cachoeira do juízo desça
Precipício no vazio
Corpo entregue em sacrifício,
Ao canto da sereia, no fundo do rio.
III – Entretanto
Há quem, entretanto
Nem mesmo à resposta do vício acuda
O canto da sereia escuta
Amarrado ao mastro do mar
Navegante atento
Sob os pés só o vazio
Ilusões não mais pescadas
Verdades submersas
E vontades que se fiam juntas
Redes de corações
És Ulisses enlaçado
No bordado de Penélope
Pelo fio de Ariádne
Atento à beleza e ao fio da razão
Tua sabedoria
É tua pena
Fruir um fio da maravilha breve
Experimentar o desejo do mar que não deve
E viver uma vida toda sem vê-la
Tua heroína é Penélope
Tua salvação
Da sereia da vontade passageira
À princesa do reinado redenção.
E caminhe sobre a lisa superfície da moral
Em percurso retilíneo
do fino trato social
Gente que crê no dinheiro ou no Diabo
E tropeça vez por outra na culpa do pecado
Vida em mundo pré-determinado
Caminhando de olho fechado
I – Por um lado
Há quem, por um lado
Note que o caminho é vidro fino
Sobre a vasta superfície da água
O mergulho é uma loucura
Cair em si a vida em fluxo
Extravasando a estrutura
Há de se desesperar
De descaminho
E buscar da água o vinho
Um lugar pra se agarrar
Veneno que assegure
alguma fruição
Ética etílica
De frágil definição
Uma gota molhada na razão do mapa
E retorno certo pelo empuxo da ressaca
(De cara com o vidro
careta no chão)
Escolher sem pejo
a substância do desejo
O luxo de fluir
para certa direção
Caminho de si à si
Cujo fim
é o início
Fissura de vidro
pelo vício
A saber de antemão
O destino que me ( a) cabe
E me deságüe.
II – Pelo contrário
Há quem, pelo contrário
Mergulhe de cabeça
E o caminho esqueça
Pela cachoeira do juízo desça
Precipício no vazio
Corpo entregue em sacrifício,
Ao canto da sereia, no fundo do rio.
III – Entretanto
Há quem, entretanto
Nem mesmo à resposta do vício acuda
O canto da sereia escuta
Amarrado ao mastro do mar
Navegante atento
Sob os pés só o vazio
Ilusões não mais pescadas
Verdades submersas
E vontades que se fiam juntas
Redes de corações
És Ulisses enlaçado
No bordado de Penélope
Pelo fio de Ariádne
Atento à beleza e ao fio da razão
Tua sabedoria
É tua pena
Fruir um fio da maravilha breve
Experimentar o desejo do mar que não deve
E viver uma vida toda sem vê-la
Tua heroína é Penélope
Tua salvação
Da sereia da vontade passageira
À princesa do reinado redenção.
Psicologia do chão
Nem todo mundo é assim
Mas eu já caí do berço
Lembro do gosto de frio que tem o chão
Guardo a vertigem do quarto
A espera de mão da mãe que não vem
Ou de algum ruído que diga meu nome
Chamando pelo telefone
Que me resgate pelo ouvido
Num colo de sentido
____
Já passei por isso e passo
Mas já é diferente
A mão da mãe é minha, a levantar
E ninar criatura que não caia como eu...
(quem sabe um dia, sonho)
Eu sou a salvação de mim.
Pelo outro.
____
Chorei tão alto até que me escutassem
Agora já não choro mais
Pego o telefone e ligo
Eu que já sofri de gravidade
Relativiso a igualdade
E nem respeito leis da reciprocidade
Não meço e não me queixo
Ligo para amigos que não me ligam
Me atendem felizes e alegre fico
Me explico: nem todo mundo caiu do berço!
Salvação é não esperar
O fato é que eu escolho os meus amigos
E escolho ainda mais, os que me ligam também!
Mas eu já caí do berço
Lembro do gosto de frio que tem o chão
Guardo a vertigem do quarto
A espera de mão da mãe que não vem
Ou de algum ruído que diga meu nome
Chamando pelo telefone
Que me resgate pelo ouvido
Num colo de sentido
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Já passei por isso e passo
Mas já é diferente
A mão da mãe é minha, a levantar
E ninar criatura que não caia como eu...
(quem sabe um dia, sonho)
Eu sou a salvação de mim.
Pelo outro.
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Chorei tão alto até que me escutassem
Agora já não choro mais
Pego o telefone e ligo
Eu que já sofri de gravidade
Relativiso a igualdade
E nem respeito leis da reciprocidade
Não meço e não me queixo
Ligo para amigos que não me ligam
Me atendem felizes e alegre fico
Me explico: nem todo mundo caiu do berço!
Salvação é não esperar
O fato é que eu escolho os meus amigos
E escolho ainda mais, os que me ligam também!
Vontade de criança
Vontade de criança
Tudo é brinquedo
Cada treco um segredo
A ser cutucado
Futuca a fresta da porta
Na festa
Escala a soleira
De sola a brincadeira
Entre tornozelos, calcanhares a dança
De ser criança
Criatura infante
De querer gigante
Vontade que invade a sala
Toma conta da festa
A chorar...
Há de suportar,
Tamanha dependência
Por querer mãe que baste
E não se gaste.
(Mães sempre se gastam)
Que lhe venha a sorte que for
O assoalho que lhe sustentar
A porta que lhe couber
Solidão de ser criança
Mundo próprio
Brincadeira inventada
Há de se pagar o preço
De acabar
(Mães sempre se acabam)
Inventar a troca:
Mundo seu,
pelo compartilhado
A fresta pela festa -
Começa na porta da festa.
O brinquedo que tudo é
Pelo trago e pelo gole
A mãe pelo par
Que também não vai bastar.
Tudo é brinquedo
Cada treco um segredo
A ser cutucado
Futuca a fresta da porta
Na festa
Escala a soleira
De sola a brincadeira
Entre tornozelos, calcanhares a dança
De ser criança
Criatura infante
De querer gigante
Vontade que invade a sala
Toma conta da festa
A chorar...
Há de suportar,
Tamanha dependência
Por querer mãe que baste
E não se gaste.
(Mães sempre se gastam)
Que lhe venha a sorte que for
O assoalho que lhe sustentar
A porta que lhe couber
Solidão de ser criança
Mundo próprio
Brincadeira inventada
Há de se pagar o preço
De acabar
(Mães sempre se acabam)
Inventar a troca:
Mundo seu,
pelo compartilhado
A fresta pela festa -
Começa na porta da festa.
O brinquedo que tudo é
Pelo trago e pelo gole
A mãe pelo par
Que também não vai bastar.
sábado, 10 de abril de 2010
Questão de Gênero
Se para ele acaso
Para ela a casa
Se ele canto e amasso
A moça encanta
Ele quer o caso
Ela a meta: Pinta, pinta!!!
Pinto? Meto! (diz o afoito)
Pinta a casa. Ponta a ponta.
Pra ele ponto.
Final.
Para ela a casa
Se ele canto e amasso
A moça encanta
Ele quer o caso
Ela a meta: Pinta, pinta!!!
Pinto? Meto! (diz o afoito)
Pinta a casa. Ponta a ponta.
Pra ele ponto.
Final.
sexta-feira, 9 de abril de 2010
O ciclo da águas
Uma antiga moradora do Rio de Janeiro em comentário acerca das enchentes recentes disse que elas provavelmente deviam ser causadas devido ao mau hábito do carioca de soterrar os rios.
Numa rua feita rio (de Janeiro)
Agruras de Março fechando o verão
(Ainda que em Abril)
Soterrados de concreto
Revolta de rios mil
Calendários alterados
Tempo que se conta em chuva quanta
Tanta chuva que não basta
Água hora que se gasta
Promessa de vida, nem diga
Só se for de dívida, mendiga
Sentença de morte natural:
Rio soterrado sob pedra artificial
Rio pobre sem teto e sem leito
Desabrigado, está no direito
De chover um rio sobre um Rio
Para desaguar em paz
No barranco que seu curso faz
Monta seu barraco a beira morro
Construído sobre a fé
Há de descansar em paz
Rio zumbi fora de hora
Pobre sujo e sem leito
Sob o barro se apavora
No olho do asfalto
Sobe ao alto e chora:
Um rio de amargura.
Numa rua feita rio (de Janeiro)
Agruras de Março fechando o verão
(Ainda que em Abril)
Soterrados de concreto
Revolta de rios mil
Calendários alterados
Tempo que se conta em chuva quanta
Tanta chuva que não basta
Água hora que se gasta
Promessa de vida, nem diga
Só se for de dívida, mendiga
Sentença de morte natural:
Rio soterrado sob pedra artificial
Rio pobre sem teto e sem leito
Desabrigado, está no direito
De chover um rio sobre um Rio
Para desaguar em paz
No barranco que seu curso faz
Monta seu barraco a beira morro
Construído sobre a fé
Há de descansar em paz
Rio zumbi fora de hora
Pobre sujo e sem leito
Sob o barro se apavora
No olho do asfalto
Sobe ao alto e chora:
Um rio de amargura.
quarta-feira, 7 de abril de 2010
Aspiro
A poesia não planejada
A palavra precoce criança
Que me atravessa a garganta
Afoita sem ser convidada
Mas que bem vinda
A rima casual
Com sua alegria brinda
Em brevidade de carnaval
Poesia do meu tempo
Que se dá a ser lembrada
Curte o breve momento
Atravessando a madrugada
De boca, copo e encontro
A ser bem compartilhada
Dona da casa e do canto
De cada um a camarada
Poesia espontânea
Ou com afinco talhada
Poesia momentânea
E da consciência pesada:
Já é tarde vam’bora!
Toda festa tem um fim
E poesia não tem hora
Mas o trabalho tem sim!
A palavra precoce criança
Que me atravessa a garganta
Afoita sem ser convidada
Mas que bem vinda
A rima casual
Com sua alegria brinda
Em brevidade de carnaval
Poesia do meu tempo
Que se dá a ser lembrada
Curte o breve momento
Atravessando a madrugada
De boca, copo e encontro
A ser bem compartilhada
Dona da casa e do canto
De cada um a camarada
Poesia espontânea
Ou com afinco talhada
Poesia momentânea
E da consciência pesada:
Já é tarde vam’bora!
Toda festa tem um fim
E poesia não tem hora
Mas o trabalho tem sim!
Me cansei de lero lero
Me cansei de quero-quero
dá licença, mas eu vou deixar o lero lero...
Faça tudo que você faria por um lado e por outro,
veja de que lado fica.
Se nenhum, repita.
Se natural é repetir igual...
Tenho aqui um artifício em mente:
Repetir repetir até ficar diferente!
Querer querer...
Nenhum querer passa impune
E ninguém está imune.
(Sem querer é vacina que se dá depois da hora)
Importunar o acaso com vontade, muita!
Mas vontade é coisa que dá e pressa...
(Espécie de vicio - seguido de fissura de si: dança com o espelho de eu-lírico seu com eu-lírico meu num baile cínico.)
Importunar o acaso com vontade, mútua!
Quero o que tenho, que me venha
Tenho o que traço, e me abraça
Traço o que teço, e me vista
Aconteço e arrisco!
Quer quer,
não quero quero
Me cansei de lero lero.
dá licença, mas eu vou deixar o lero lero...
Faça tudo que você faria por um lado e por outro,
veja de que lado fica.
Se nenhum, repita.
Se natural é repetir igual...
Tenho aqui um artifício em mente:
Repetir repetir até ficar diferente!
Querer querer...
Nenhum querer passa impune
E ninguém está imune.
(Sem querer é vacina que se dá depois da hora)
Importunar o acaso com vontade, muita!
Mas vontade é coisa que dá e pressa...
(Espécie de vicio - seguido de fissura de si: dança com o espelho de eu-lírico seu com eu-lírico meu num baile cínico.)
Importunar o acaso com vontade, mútua!
Quero o que tenho, que me venha
Tenho o que traço, e me abraça
Traço o que teço, e me vista
Aconteço e arrisco!
Quer quer,
não quero quero
Me cansei de lero lero.
A Maral
A linguagem está para a sacanagem
Assim como a meta-linguagem para a pornografia
Analogia? Uma orgia de idéias.
Assim como a meta-linguagem para a pornografia
Analogia? Uma orgia de idéias.
segunda-feira, 29 de março de 2010
Palavrear
Ilusões me pescam, pela boca
Carne do mar, revolto
Mordo o ar, não solto!
Morder o ar
Urge a mordida
Quem me decifra?
Quem me devora?
Demora.
Pela boca, morder o ar
Não vai adiantar
Ar de se evitar
Quando só, morder o ar
Essa hora.
Palavrear
Jogar o ar no ar
Vento que venta lá...
Volta cá?
Querer mudar de ar.
(In) Ventar.
Morder o ar (ou a carne do mar).
Não há de saciar
Levar o ar para o mar
Amar
Em bolhas de silêncio
Mudo
Mudar o ar pelo mar
Ou pelo menos tentar.
(a se continuar...)
Carne do mar, revolto
Mordo o ar, não solto!
Morder o ar
Urge a mordida
Quem me decifra?
Quem me devora?
Demora.
Pela boca, morder o ar
Não vai adiantar
Ar de se evitar
Quando só, morder o ar
Essa hora.
Palavrear
Jogar o ar no ar
Vento que venta lá...
Volta cá?
Querer mudar de ar.
(In) Ventar.
Morder o ar (ou a carne do mar).
Não há de saciar
Levar o ar para o mar
Amar
Em bolhas de silêncio
Mudo
Mudar o ar pelo mar
Ou pelo menos tentar.
(a se continuar...)
segunda-feira, 15 de março de 2010
Semear
Não oferecer o corpo em sacrifício
Não ceder à vertigem precipício
Nem tapear com tapetes abismos
O que há de mais belo
Apelo qual me desespero
Ao vê-lo.
Convivê-lo
Habitar suas bordas
A beira...
Mirá-lo
Por um triz
Com cuidado
Miragem
Equilíbrio delicado
De não crê-lo
Mas criá-lo
Prosseguir sem mais
Não trilhar a trilha do que atrás
Que foi, foice
Jaz no triz do tempo fosse
Deveras degustado
Antes de e tardemais
Dorme aqui entre meus dentes
Jaz
Fiapo de tempo
Por um fio
Aspira momento
Como passado
Te como bem assado!
Num trincar de dentes.
O que se aspira - só
Só se pode aspirar - pó
Somente
Será?
Se pega,
Se muda,
Se dá?
Semente
Que se planta em gente
E transita diferente
Pelo vôo
Vou.
No bico pela asa
Que voa sempre a par
Morrer pra semear
Que morte, que viva
Que voem para todos os nortes!
Amantes de todas as sortes
Que será
Só quero saber do que pode semente
Sem pretender saber qual dá
Entre abismos e serpentes
Deixar florescer novos mesmos caminhos
Casaninho de carinhos
Que fio entretempo
Confio e desfio
Pelo fio da meada
Um lugar pra morar
Tecido do que é com o que se quer
Que voa entreventos
Semear
Não ceder à vertigem precipício
Nem tapear com tapetes abismos
O que há de mais belo
Apelo qual me desespero
Ao vê-lo.
Convivê-lo
Habitar suas bordas
A beira...
Mirá-lo
Por um triz
Com cuidado
Miragem
Equilíbrio delicado
De não crê-lo
Mas criá-lo
Prosseguir sem mais
Não trilhar a trilha do que atrás
Que foi, foice
Jaz no triz do tempo fosse
Deveras degustado
Antes de e tardemais
Dorme aqui entre meus dentes
Jaz
Fiapo de tempo
Por um fio
Aspira momento
Como passado
Te como bem assado!
Num trincar de dentes.
O que se aspira - só
Só se pode aspirar - pó
Somente
Será?
Se pega,
Se muda,
Se dá?
Semente
Que se planta em gente
E transita diferente
Pelo vôo
Vou.
No bico pela asa
Que voa sempre a par
Morrer pra semear
Que morte, que viva
Que voem para todos os nortes!
Amantes de todas as sortes
Que será
Só quero saber do que pode semente
Sem pretender saber qual dá
Entre abismos e serpentes
Deixar florescer novos mesmos caminhos
Casaninho de carinhos
Que fio entretempo
Confio e desfio
Pelo fio da meada
Um lugar pra morar
Tecido do que é com o que se quer
Que voa entreventos
Semear
Todo mundo entre mim
Natural é nem aí
E a festa um ritual
É banal e a gente ri
Mas de fato não se vê
Uma forma de crendice
De gente que só se crê.
Uma forma de tolice, relaxa!
De que sem se perder, se acha.
Eu estou bem aqui
Tu ali, outro acolá
Puxar assunto é prece
Tentativa que merece
Mas se esquece de ligar
Como fio encapado
Esse alfabeto encadeado
É o jeito natural.
Onde fato encontra fato
Em uma ato de contrato
Cada um no seu cada qual
O caminho retilíneo
Imperativo da finalidade
Apressado de razão
Os pés presos ao chão
Perco o fôlego, percorrer
De que serve caminho não ver?
Melhor andar na contramão
O que distorcido é
Há de torcido ser
Se natural é a miopia
Eu prefiro a beleza
Dá-lhe lentes e poesia
Que se reinvente a natureza!
Arte ofício de ser são
Arte não oficial
Artifício e intenção
Subversão do natural
Arte artificial
Artesanato da beleza
Que não é industrial
Artimanha sem igual
Um rabisco na certeza
Fora do estado normal
Eu prefiro fazer arte
A ter que fazer social
E é em dia de sarau
Que estou bem aqui
E ao dizer e você me ouvir
E vice-versa lá vai conversa
A gente troca em substância
E se cria, na consistência.
Arte é assim.
Faz do fato, artefato
E do trampo, trampolim
Num mergulho sem fim
De todo mundo entre mim
E a festa um ritual
É banal e a gente ri
Mas de fato não se vê
Uma forma de crendice
De gente que só se crê.
Uma forma de tolice, relaxa!
De que sem se perder, se acha.
Eu estou bem aqui
Tu ali, outro acolá
Puxar assunto é prece
Tentativa que merece
Mas se esquece de ligar
Como fio encapado
Esse alfabeto encadeado
É o jeito natural.
Onde fato encontra fato
Em uma ato de contrato
Cada um no seu cada qual
O caminho retilíneo
Imperativo da finalidade
Apressado de razão
Os pés presos ao chão
Perco o fôlego, percorrer
De que serve caminho não ver?
Melhor andar na contramão
O que distorcido é
Há de torcido ser
Se natural é a miopia
Eu prefiro a beleza
Dá-lhe lentes e poesia
Que se reinvente a natureza!
Arte ofício de ser são
Arte não oficial
Artifício e intenção
Subversão do natural
Arte artificial
Artesanato da beleza
Que não é industrial
Artimanha sem igual
Um rabisco na certeza
Fora do estado normal
Eu prefiro fazer arte
A ter que fazer social
E é em dia de sarau
Que estou bem aqui
E ao dizer e você me ouvir
E vice-versa lá vai conversa
A gente troca em substância
E se cria, na consistência.
Arte é assim.
Faz do fato, artefato
E do trampo, trampolim
Num mergulho sem fim
De todo mundo entre mim
Coração artista
Nasce na cidade, um coração artista,
uma necessidade
Se vivesse na floresta, prescindia de festa
para estar junto dos seus
E não sofria de adeus
Ou prazo de validade
Onde lado a lado é separado
Cada vaso é concreto
E há de ser regado
De carinho e afeto
Protegido do excesso
Cada qual uma semente
Que passa choro e enchente
Ou sol que faz,
Freqüentemente demais.
Amendoeira no jardim protege flor
Mas assalto e barranco que despenca é muita dor
Para criatura assim tão delicada
Na tempestade, despedaçada
Cuidar a flor não é favor
Prá quem beleza é um valor
Coração artista
Ar triste de nascença
Asfixia de indiferença
Cada um cuida dos seus
Cada qual com seu cuidado
Devidamente negociado
Ou há festa em que todo mundo é convidado?
Assim se vive em dívida
Há de se pagar a conta de cada necessidade
Que não brota do chão
Artista solidão
Escolher a trilha onde nasce um coração
No alto da montanha ou sob um viaduto
A cada passo o peso do corpo inteiro
A força de querer não basta
Paciência, persistência, inteligência
Só compõem a concreta consistência
Que sabe só de porta aberta
Consciência na cidade
Entre nós e além
Do mal e do bem
Independente da vontade
Ou da vaidade
Pra viver em liberdade,
o cuidado da necessidade
se planta em cada nós.
uma necessidade
Se vivesse na floresta, prescindia de festa
para estar junto dos seus
E não sofria de adeus
Ou prazo de validade
Onde lado a lado é separado
Cada vaso é concreto
E há de ser regado
De carinho e afeto
Protegido do excesso
Cada qual uma semente
Que passa choro e enchente
Ou sol que faz,
Freqüentemente demais.
Amendoeira no jardim protege flor
Mas assalto e barranco que despenca é muita dor
Para criatura assim tão delicada
Na tempestade, despedaçada
Cuidar a flor não é favor
Prá quem beleza é um valor
Coração artista
Ar triste de nascença
Asfixia de indiferença
Cada um cuida dos seus
Cada qual com seu cuidado
Devidamente negociado
Ou há festa em que todo mundo é convidado?
Assim se vive em dívida
Há de se pagar a conta de cada necessidade
Que não brota do chão
Artista solidão
Escolher a trilha onde nasce um coração
No alto da montanha ou sob um viaduto
A cada passo o peso do corpo inteiro
A força de querer não basta
Paciência, persistência, inteligência
Só compõem a concreta consistência
Que sabe só de porta aberta
Consciência na cidade
Entre nós e além
Do mal e do bem
Independente da vontade
Ou da vaidade
Pra viver em liberdade,
o cuidado da necessidade
se planta em cada nós.
Fantasia de Carnaval
(À Joaninha, André e todos os amigos que fizeram o Carnaval tão bonito!)
E num instante, eu me esqueço que estou na cidade.
Brisa de fugacidade, tudo muito natural.
Uma fuga da cidade pela cidade.
Pela folia, do Carnaval!
Natureza em festa.
Animal, vegetal, mineral, floresta.
A expressão da flor, que ria...
É inevitável, faz parte da fantasia
Se fosse outro dia não seria...
Mas é Carnaval, um jardim de alegria!
Uma amiga canta,
que a tristeza não pode pensar em chegar.
Lá está na garganta, e as lágrimas vão rolar
em uma solução:
Som e multidão prá lavar a solidão.
Doce dissolução desse individual.
Uma onda de pegar junto, no agito do Carnaval.
E se nessa corrente vai, que se leve.
Se a canoa não virar, pro diabo que o carregue!
Um som nos envolve de repente.
“Eu chego lá” eloquente,
é a música que nos rodeia!
Somos banda, som e bote em maré cheia!
Mas sobretudo somos gente!
Um Rio de Janeiro de gente.
Que de folia faz enchente!
De presentes e ausentes.
Navegante de histórias mil.
Amigos por toda parte.
Alguém fala comigo com tanta intimidade.
Me pergunto se é conhecido, mas não tem necessidade.
No Carnaval, do incomum se faz comunidade.
Em cada face um cardume de possibilidades.
Maré que leva, o segredo é a fruição.
Deixar fluir com uma certa atenção...
Cuidado! No meio da multidão
Quase atropelo um carro-tubarão.
E no contra-fluxo tudo fica mais bonito.
Cor de gente nessa luz.
Testemunha da mistura.
Do suor com a saliva.
E como sua esse momento!
Como se fosse meu.
Mesmo que seja eu.
Embebida de folia.
Que respinga em quem espia.
No deleite do calor.
Evento que poderia ser importante.
Semente de uma história emocionante, poderia...
Ou pequena gota irrelevante.
De conteúdo dissoluto.
Uma frase de conversa, escuto:
Pode querer dizer qualquer coisa dependendo do contexto.
Mas para mim é um laço com o qual faço uma poesia.
E com qualquer fragmento, se faz uma fantasia.
Num banquete de símbolos e sinais.
Pinto um nariz de vermelho, um palhaço se faz.
E nesse confeite, cheiro bom de gente!
Que não estaria assim tão rente,
se não fosse o Carnaval.
E num momento...
Esqueci que vivia.
Essa foi minha fantasia.
Tudo muito natural.
Em machinha fomos banda e bando.
Foliões brincando.
Um jeito de nadar...
Um mergulho na cidade.
Quando Rio encontra terra.
E a tudo faz viver.
Nasce uma alegria.
Tudo muito natural.
Essa foi minha fantasia.
Nesse Rio-Carnaval!
E num instante, eu me esqueço que estou na cidade.
Brisa de fugacidade, tudo muito natural.
Uma fuga da cidade pela cidade.
Pela folia, do Carnaval!
Natureza em festa.
Animal, vegetal, mineral, floresta.
A expressão da flor, que ria...
É inevitável, faz parte da fantasia
Se fosse outro dia não seria...
Mas é Carnaval, um jardim de alegria!
Uma amiga canta,
que a tristeza não pode pensar em chegar.
Lá está na garganta, e as lágrimas vão rolar
em uma solução:
Som e multidão prá lavar a solidão.
Doce dissolução desse individual.
Uma onda de pegar junto, no agito do Carnaval.
E se nessa corrente vai, que se leve.
Se a canoa não virar, pro diabo que o carregue!
Um som nos envolve de repente.
“Eu chego lá” eloquente,
é a música que nos rodeia!
Somos banda, som e bote em maré cheia!
Mas sobretudo somos gente!
Um Rio de Janeiro de gente.
Que de folia faz enchente!
De presentes e ausentes.
Navegante de histórias mil.
Amigos por toda parte.
Alguém fala comigo com tanta intimidade.
Me pergunto se é conhecido, mas não tem necessidade.
No Carnaval, do incomum se faz comunidade.
Em cada face um cardume de possibilidades.
Maré que leva, o segredo é a fruição.
Deixar fluir com uma certa atenção...
Cuidado! No meio da multidão
Quase atropelo um carro-tubarão.
E no contra-fluxo tudo fica mais bonito.
Cor de gente nessa luz.
Testemunha da mistura.
Do suor com a saliva.
E como sua esse momento!
Como se fosse meu.
Mesmo que seja eu.
Embebida de folia.
Que respinga em quem espia.
No deleite do calor.
Evento que poderia ser importante.
Semente de uma história emocionante, poderia...
Ou pequena gota irrelevante.
De conteúdo dissoluto.
Uma frase de conversa, escuto:
Pode querer dizer qualquer coisa dependendo do contexto.
Mas para mim é um laço com o qual faço uma poesia.
E com qualquer fragmento, se faz uma fantasia.
Num banquete de símbolos e sinais.
Pinto um nariz de vermelho, um palhaço se faz.
E nesse confeite, cheiro bom de gente!
Que não estaria assim tão rente,
se não fosse o Carnaval.
E num momento...
Esqueci que vivia.
Essa foi minha fantasia.
Tudo muito natural.
Em machinha fomos banda e bando.
Foliões brincando.
Um jeito de nadar...
Um mergulho na cidade.
Quando Rio encontra terra.
E a tudo faz viver.
Nasce uma alegria.
Tudo muito natural.
Essa foi minha fantasia.
Nesse Rio-Carnaval!
Pipocarnaval!
Artista tá ligado
Sabe bem quem é cantor
Quem é de palco sabe
Ainda que professor
Gente é bateria
Energia, sabor, calor
Desencapa, vai
Desencana, vai
Desfia a carne
De cheiro
Deixa fritar
Suar tempero
Pipocaqui picocalá
É (Po) pular
Que nem milho na panela
Vem brincar
Deixa de balela
Choque de prazer
Arrepia de alegria
Afinal gente com gente, não pode dar alergia
Bateria de Carne
Cada corpo quanto sal
Só quem sentiu na pele sabe
O calor do Carnaval
Na Pedra do Sal
Sabe o samba da favela
Bom mesmo é fazer
Que nem milho na panela!
Na Pedra do Sal
No suor que des- tempera
Vou fazer com você
Que nem milho na panela!
Sabe bem quem é cantor
Quem é de palco sabe
Ainda que professor
Gente é bateria
Energia, sabor, calor
Desencapa, vai
Desencana, vai
Desfia a carne
De cheiro
Deixa fritar
Suar tempero
Pipocaqui picocalá
É (Po) pular
Que nem milho na panela
Vem brincar
Deixa de balela
Choque de prazer
Arrepia de alegria
Afinal gente com gente, não pode dar alergia
Bateria de Carne
Cada corpo quanto sal
Só quem sentiu na pele sabe
O calor do Carnaval
Na Pedra do Sal
Sabe o samba da favela
Bom mesmo é fazer
Que nem milho na panela!
Na Pedra do Sal
No suor que des- tempera
Vou fazer com você
Que nem milho na panela!
Real certeza
Dance para a realeza,
coração bobo da corte.
Desfrute de sua real grandeza
Dedique poemas a sua beleza
Sente-se à mesa
Saboreie a certeza
E dê adeus, e vá embora.
Vai viver a entrelinha do perfeito
O que está no papel não está no céu
O que está feito está feito
Você todo por fazer!
Aflora-te, arruma-te, perfuma-te
Vai pintado, despido e vermelho
(cor do mando dos reis)
Se apressa para a festa
É casamento, é real!
E a princesa, e a princesa?
Princesa de papel
(Per) feita de pincel
Castelo de areia
Distração do coração
O que poderia ter sido através de certas portas. Quando abertas.
Portas incertas
Não há fresta
Há festa
Espia não
Ficção viva?
Fixação
Coroação cabeça
Majestade coração!
coração bobo da corte.
Desfrute de sua real grandeza
Dedique poemas a sua beleza
Sente-se à mesa
Saboreie a certeza
E dê adeus, e vá embora.
Vai viver a entrelinha do perfeito
O que está no papel não está no céu
O que está feito está feito
Você todo por fazer!
Aflora-te, arruma-te, perfuma-te
Vai pintado, despido e vermelho
(cor do mando dos reis)
Se apressa para a festa
É casamento, é real!
E a princesa, e a princesa?
Princesa de papel
(Per) feita de pincel
Castelo de areia
Distração do coração
O que poderia ter sido através de certas portas. Quando abertas.
Portas incertas
Não há fresta
Há festa
Espia não
Ficção viva?
Fixação
Coroação cabeça
Majestade coração!
Assombra
A Ana, por compartilhar visões no mar!
Espelho de ondas no mar
Força de luz e de tempo
Trasborda o entardecer
E inunda a visão
(Não te posso habitar)
Sombra da onda
Passado do destino
O que eu guardei para esse momento
Sombra, sopro e saliva
Espuma de expectativas
Avesso da luz
Reflexo do espelho
Variedade de tons de vermelho
Em camadas
Especulação
A espreita, de joelhos
Habitante da sombra
Eu vou através do espelho
E volto! Sempre!
A sombra da onda,
Assombra!
Batismo
Lavou-me os pés e sussurrou
Com a brisa um segredo:
Jogar fora o que não fica bem na poesia!
Um verso a cada fantasia
Uma rima a cada medo.
Lambida ao sabor do vento
Fez de sua espuma minha saliva
Se o mar me batizou poeta, tento
Pegou-me a onda, sou cativa.
Com a brisa um segredo:
Jogar fora o que não fica bem na poesia!
Um verso a cada fantasia
Uma rima a cada medo.
Lambida ao sabor do vento
Fez de sua espuma minha saliva
Se o mar me batizou poeta, tento
Pegou-me a onda, sou cativa.
Saúde!
Ser poeta, ser poeta
Como se teu olhar me afeta?
Mas assim mesmo eu vou
Só te peço um favor
Não repara meu pudor!
Ser poeta, ser poeta
Preocupada em agradar
Lanço rimas pequeninas
Como pernas de meninas
Lá no topo das colinas (sedutoras)
Sei que você vai gostar!
Ser poeta, pirueta
Citação é treta?
“Nem sequer sou poeta, vejo”
Lá do botequim
Poesia chinfrim
Cer veja você também!
E bata palma e diga amém.
Saúde!
Como se teu olhar me afeta?
Mas assim mesmo eu vou
Só te peço um favor
Não repara meu pudor!
Ser poeta, ser poeta
Preocupada em agradar
Lanço rimas pequeninas
Como pernas de meninas
Lá no topo das colinas (sedutoras)
Sei que você vai gostar!
Ser poeta, pirueta
Citação é treta?
“Nem sequer sou poeta, vejo”
Lá do botequim
Poesia chinfrim
Cer veja você também!
E bata palma e diga amém.
Saúde!
Amador
Ama a dor
E faz mal feito
Crê-se muito sofredor
E bate seguro no peito
Não vem com esse papo de dor
Que eu não suporto essa rima
Verso de amor e dor...
Eu não assino essa sina
Amor assim perfeito
Não exige faculdade
Ofício sempre sem jeito
Não reconhecida atividade
De torto, sempre direito
Qual que seja a formação
A casa e o efeito
Não exige profissionalização
Sei que sou também amador
Como poeta
E que essa é minha sina
Passar pela dor
Prá fazer a rima...
Mas se vou fazer,
Que seja bem feito
Mesmo que amador
Amar sim
Mas não só a dor
Amar tudo que tem direito
A dor, o amor, o peito, o jeito
A rima
A sina
A cima
Abaixo a dor
Grito alto ato mudo
Seja lá o que for
Que venha com tudo!
(Viva Gabiruba!)
E faz mal feito
Crê-se muito sofredor
E bate seguro no peito
Não vem com esse papo de dor
Que eu não suporto essa rima
Verso de amor e dor...
Eu não assino essa sina
Amor assim perfeito
Não exige faculdade
Ofício sempre sem jeito
Não reconhecida atividade
De torto, sempre direito
Qual que seja a formação
A casa e o efeito
Não exige profissionalização
Sei que sou também amador
Como poeta
E que essa é minha sina
Passar pela dor
Prá fazer a rima...
Mas se vou fazer,
Que seja bem feito
Mesmo que amador
Amar sim
Mas não só a dor
Amar tudo que tem direito
A dor, o amor, o peito, o jeito
A rima
A sina
A cima
Abaixo a dor
Grito alto ato mudo
Seja lá o que for
Que venha com tudo!
(Viva Gabiruba!)
Onda urbana
pegando jacaré nas multidões
peneirando um mundo de ilusões
se peneirar elas aparecem
e se bobear elas te pegam pelo pé
buscando um bocado de visões
atravessando um espelho de razões
se cara, frente, muro
quebra, não se requebra
peneirando um mundo de ilusões
se peneirar elas aparecem
e se bobear elas te pegam pelo pé
buscando um bocado de visões
atravessando um espelho de razões
se cara, frente, muro
quebra, não se requebra
Eu Solar
Sabe lá
que eu sou, lá.
Eu solar
e sou lar
Vem morar?
Só sei que eu soul
samba, forró e o que vier.
Pois ali se remexe sempre que dá pé.
Eu sou só.
Mas só se som faltar!
Eu sonora.
E sou eu.
Misturada na massa de nozes
Pra não desandar tem que mexer.
Tem que mexer. Tem que mexer.
que eu sou, lá.
Eu solar
e sou lar
Vem morar?
Só sei que eu soul
samba, forró e o que vier.
Pois ali se remexe sempre que dá pé.
Eu sou só.
Mas só se som faltar!
Eu sonora.
E sou eu.
Misturada na massa de nozes
Pra não desandar tem que mexer.
Tem que mexer. Tem que mexer.
Cadeia Elementar
Boca aberta e saliva
Víscera nervosa desencadeia
Espreita e não avisa,
Alcança essa pança cheia!
Hum....
Prazer... alimentar
Prisão... alimentar
Cadeia... elementar.
Prende a caça
Caçador
Preso à caça
Predador
Presa preza
Essa dor.
Víscera nervosa desencadeia
Espreita e não avisa,
Alcança essa pança cheia!
Hum....
Prazer... alimentar
Prisão... alimentar
Cadeia... elementar.
Prende a caça
Caçador
Preso à caça
Predador
Presa preza
Essa dor.
Tanto faz?
Poderia escrever os versos mais belos esta noite.
Escrever, por exemplo: Se respirar é preciso, que seja o teu perfume.
Mas as metáforas são perigosas.
(Um amor pode nascer de uma metáfora!)
Eu já vi esse filme e eu morro no final.
Esquecer sempre é.
A luz da lembrança apaga.
Primeiro o cheiro, depois o som e a cor. Dor.
Até que... nem mais.
E o que fica é só um tanto num canto que nem conto.
Um tanto que de tanto, faz...
Escrever, por exemplo: Se respirar é preciso, que seja o teu perfume.
Mas as metáforas são perigosas.
(Um amor pode nascer de uma metáfora!)
Eu já vi esse filme e eu morro no final.
Esquecer sempre é.
A luz da lembrança apaga.
Primeiro o cheiro, depois o som e a cor. Dor.
Até que... nem mais.
E o que fica é só um tanto num canto que nem conto.
Um tanto que de tanto, faz...
Dentro e fora, In-de-ciso
Dentro e fora, contrários da mesma coisa
Sim e não, perspectivas da mesma opção
Só se for agora e jamais, sempre tanto faz.
Entrementes...
Entreatos...
Indeciso, deve ter alguma coisa a ver com o dente do juízo
- que no meu caso, incluso, não nasceu.
(Não é) questão de (ins) piração
É caso de cirurgia de ciso, de-cisão.
Entrementes...
Entrefatos...
Unidunitê
A ou B. O que vai C?
A opção dada
A pergunta perguntada
Previamente falseada
- Fica-se sem opção
Certo ou errado?
Verdade ou mentira?
É fato consumado?
- Fica-se sem opção
Vai-se o ciso
Fica o prejuízo
Vai-se o caso
Fica a poesia.
Entrementes...
Entretantos...
O atrito dos dentes
Ainda que doentes.
Entredentes...
Entreato...
Linha de fuga é ato, não contrato
E também é risco
Tanto que não sei, treco misto
Entre o sim e o não.
Entre o que sinto e o que pão
Entre o tanto e o nada
Entre a ação e a palavra.
Às vezes se excede
Outras vezes, se falta (mas nada...)
Coisa difusa confusa
Caso de cisão
É preciso.
Não fugir à fuga,
Riscar saída
Dizer com certa ação
Dar com a cara e com os dentes
É o ciso. É preciso.
Indeciso sem razão
Caso de ciso
Inda melhor que caso de cisão!
Sim e não, perspectivas da mesma opção
Só se for agora e jamais, sempre tanto faz.
Entrementes...
Entreatos...
Indeciso, deve ter alguma coisa a ver com o dente do juízo
- que no meu caso, incluso, não nasceu.
(Não é) questão de (ins) piração
É caso de cirurgia de ciso, de-cisão.
Entrementes...
Entrefatos...
Unidunitê
A ou B. O que vai C?
A opção dada
A pergunta perguntada
Previamente falseada
- Fica-se sem opção
Certo ou errado?
Verdade ou mentira?
É fato consumado?
- Fica-se sem opção
Vai-se o ciso
Fica o prejuízo
Vai-se o caso
Fica a poesia.
Entrementes...
Entretantos...
O atrito dos dentes
Ainda que doentes.
Entredentes...
Entreato...
Linha de fuga é ato, não contrato
E também é risco
Tanto que não sei, treco misto
Entre o sim e o não.
Entre o que sinto e o que pão
Entre o tanto e o nada
Entre a ação e a palavra.
Às vezes se excede
Outras vezes, se falta (mas nada...)
Coisa difusa confusa
Caso de cisão
É preciso.
Não fugir à fuga,
Riscar saída
Dizer com certa ação
Dar com a cara e com os dentes
É o ciso. É preciso.
Indeciso sem razão
Caso de ciso
Inda melhor que caso de cisão!
Enquanto isso, coração.
Enquanto isso
Bate coração, a cada segundo
No ritmo do mundo
Na batida do tempo
Acaso, encontro, esquecimento
É lento? É lento? Não! É tempo!
Sempre em tempo
Independente da vontade
Independente da mente
[mente é coisa que se acha]
Fora do tempo
Calcula, avalia e complica
Mente doente!
Crê que controla e dita
Mas pensa diferente
Quando com febre ou dor de dente!
Mente fascista
Em ditadura do prazer
Ao coração em cadência marca o passo
Acelerando o viver
Pobre coração
Forçado a sangrar a mais e sorrir feliz
Salgado, mal temperado
Machucado e mal tratado
Faz tua revolução!
“E por falar em revolução, cortem-lhe a cabeça!”.
Bate coração, a cada segundo
No ritmo do mundo
Na batida do tempo
Acaso, encontro, esquecimento
É lento? É lento? Não! É tempo!
Sempre em tempo
Independente da vontade
Independente da mente
[mente é coisa que se acha]
Fora do tempo
Calcula, avalia e complica
Mente doente!
Crê que controla e dita
Mas pensa diferente
Quando com febre ou dor de dente!
Mente fascista
Em ditadura do prazer
Ao coração em cadência marca o passo
Acelerando o viver
Pobre coração
Forçado a sangrar a mais e sorrir feliz
Salgado, mal temperado
Machucado e mal tratado
Faz tua revolução!
“E por falar em revolução, cortem-lhe a cabeça!”.
Libélula e vagalume
Eu lírico amante de mim
Eu cínico alienante daqui
Órbita de insetos diversos
Tão bela e tão praga
A libélula tola e avoada
Insetina apolítica alada
Que avôa boba pela luz que a seduz
Paradoxo de ficção
A libélula e o vagalume, em vôo são
Átomos de luz e nós
Explosão em fogos de artifício
Cogumelos de cores nos céus em precipício
Lá vai li bela
Cega radiante
Sobe em arrepio delirante
E se esvai em vôo vago de lume
Vôo vão e pagão
Cópula de sim e não
Que não dá luz, pois pare sombra
E sombra não ilumina
Os olhos do insetos que bate no espelho, a-traído pela luz.
Mas se por algum motivo ou razão de espelho
Ao inverso, reflexo e do outro lado
Aos olhos iluminasse e libélula visse
Que veria?
Nada a ver. Perderia
A luz que não alumia, alegria.
Vagalume afluente de todas as possibilidades imanentes
Paraíso distante de rufores crescentes
Tambor eloqüente de certeza de acontecer...,
E destino desfazer
É não. Espelho cego que se crê
É sim. Vagalume de você
E só. Assim. O Não. O fim.
Eu cínico alienante daqui
Órbita de insetos diversos
Tão bela e tão praga
A libélula tola e avoada
Insetina apolítica alada
Que avôa boba pela luz que a seduz
Paradoxo de ficção
A libélula e o vagalume, em vôo são
Átomos de luz e nós
Explosão em fogos de artifício
Cogumelos de cores nos céus em precipício
Lá vai li bela
Cega radiante
Sobe em arrepio delirante
E se esvai em vôo vago de lume
Vôo vão e pagão
Cópula de sim e não
Que não dá luz, pois pare sombra
E sombra não ilumina
Os olhos do insetos que bate no espelho, a-traído pela luz.
Mas se por algum motivo ou razão de espelho
Ao inverso, reflexo e do outro lado
Aos olhos iluminasse e libélula visse
Que veria?
Nada a ver. Perderia
A luz que não alumia, alegria.
Vagalume afluente de todas as possibilidades imanentes
Paraíso distante de rufores crescentes
Tambor eloqüente de certeza de acontecer...,
E destino desfazer
É não. Espelho cego que se crê
É sim. Vagalume de você
E só. Assim. O Não. O fim.
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